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30 de Junho de 2017 – 05h13 horas / Luiz Marins

Temperança é a qualidade ou virtude de quem atua comedidamente, com prudência, sem a prática de exageros. Ter temperança é ter controle sobre as paixões; é ter sobriedade em suas atitudes e decisões; é evitar os excessos em seus apetites, desejos e vontades. É ter autodomínio.


Um dos livros mais interessantes que li sobre o tema é um opúsculo de Francisco Faus com o título “Autodomínio – Elogio da Temperança” (Editora Quadrante – 2016 – 2a. edição – 111 páginas). No livro, o autor afirma que “não pode haver temperança se não houver um raciocínio sensato e lúcido sobre o que é equilibrado e bom, e, igualmente, se não houver uma vontade com força de domínio suficiente para manter os desejos e impulsos no ponto certo que a razão indica. Por outras palavras, que sem a luz da razão e sem a força da vontade é impossível viver a virtude da temperança. ”


Escrevo sobre este tema, porque tenho encontrado nas empresas e organizações, públicas e privadas, pessoas totalmente “destemperadas” como se diz popularmente, ou seja, sem nenhum autodomínio. Qualquer situação que lhes desagrade faz com que elas percam totalmente a capacidade de usar a razão e, dominadas somente pela emoção, passam a exibir um comportamento agressivo, seja físico ou verbal, criando constrangimento a colegas e subordinados. Igualmente tenho recebido mensagens relatando casos e mais casos de total falta de autodomínio até por autoridades que deveriam primar por um comportamento, no mínimo, equilibrado e ético. 


Para entender este aparente aumento da falta de autodomínio nos dias de hoje, consultei muitos profissionais – psicólogos, psiquiatras e filósofos. A explicação que me deram é o estresse da vida moderna; a competição acirrada; as pressões do cotidiano e a ausência de laços familiares e de um círculo de amizades mais forte. Sem família e sem amigos verdadeiros, as pessoas se tornam egocêntricas e agressivas, fruto da ausência de afeto e do isolamento social. Vivemos numa selva onde a lei é o salve-se quem puder, me disse uma psicóloga empresarial.  Não há quem consiga ser equilibrado numa situação de estresse elevado como a que vivemos, afirmou um psiquiatra com quem conversei. Sinto pena de meus clientes, adicionou. A verdade é que a realidade em que vivemos é dura mesmo. O mundo em que vivemos é realmente difícil e não há qualquer sinal de que o estresse causado pela vida moderna e pela competitividade vá diminuir. 


Assim, de forma direta e simples, só nos resta buscar, através da luz da razão e da força da vontade, o difícil equilíbrio e a temperança, pois sem autodomínio, pode acreditar, não venceremos e não teremos sucesso, nem pessoal, nem profissional. 


Pense nisso. Sucesso!


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