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06 de Junho de 2017 – 05h21 horas / Agência CNT de Notícias

A safra de grãos 2016/2017 deve atingir o recorde de 227,9 milhões de toneladas, com incremento estimado de 22,1% em relação à de 2015/2016, segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). A notícia é boa para o agronegócio e incrementa, também, a demanda pelos serviços de transporte.

 

No entanto, a infraestrutura inadequada deve representar uma dificuldade para o escoamento da produção. Em fevereiro, produtores e embarcadores enfrentaram problemas na BR-163, no Pará, quando as chuvas transformaram a rodovia num lamaçal, o que inviabilizou o tráfego na região, causando transtornos e prejuízos.

 

Em entrevista à Agência CNT de Notícias, o coordenador do Núcleo de Logística, Supply Chain e Infraestrutura da FDC (Fundação Dom Cabral), Paulo Resende, destaca que as deficiências já representam um entrave, pois elevam o custo do transporte e impactam a cadeia de suprimentos, do produtor ao consumidor final. (Leia a íntegra da entrevista: “Brasil rasga dinheiro”, diz especialista sobre ineficiência da infraestrutura de transporte).

 

Um dos principais problemas é a insuficiente malha ferroviária, fator que já foi apontado pelo estudo da CNT Entraves Logísticos ao Escoamento de Soja e Milho. Segundo o levantamento, a pouca disponibilidade de ferrovias é considerada problema grave ou muito grave por 83,3% dos embarcadores. O Brasil tem 3,4 quilômetros de infraestrutura ferroviária para cada 1.000 km2 de área. Os Estados Unidos, principal concorrente do Brasil, têm 22,9 quilômetros, e a Argentina, que também disputa mercados com o país, tem 13,3 quilômetros.

 

Há, também, as más condições das rodovias, que deixam o transporte somente da soja e do milho R$ 3,8 bilhões mais caro, conforme o mesmo levantamento da Confederação.

 

De acordo com Paulo Resende, a falta de planejamento de longo prazo aliada à expansão da produção agrícola deve deixar o problema cada vez mais em evidência, impactando diretamente a economia nacional. Estimativas do Ministério da Agricultura, em 10 anos, a safra de grãos no país deve crescer 30%. Quanto maiores os custos logísticos para levar os produtos aos compradores, menor o lucro e menor a competividade do produto brasileiro.

 

Além disso, existe o risco do não cumprimento de contratos. “Se você não chega com a soja no porto para embarcar o navio, o cliente simplesmente desvia o navio e manda pegar soja em outro lugar, e nós morremos com o produto na mão”, complementa o professor da FDC.


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