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29 de Agosto de 2016 – 04h56 horas / Hoje em Dia

A média de três furtos ou roubos de cargas por dia em Minas, registrada de janeiro a julho deste ano, não aponta apenas a onda de violência que atinge os motoristas de caminhões. Mostra que o prejuízo com as mercadorias levadas pelas quadrilhas especializadas vem aumentado. Com isso, ação criminosa também reflete nas lojas e prateleiras dos supermercados.

 

“O roubo de cargas vem crescendo nos últimos seis anos. As empresas estão tendo que investir até 12% do faturamento em segurança no transporte. Ou seja, quem fatura R$ 1 milhão gasta R$ 120 mil para tentar impedir o crime. Obviamente que esses 12% serão acrescentados no preço final do produto”, explica o coronel reformado do Exército Paulo Roberto de Souza. Ele é assessor de segurança da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística).

 

Em Minas, segundo a Polícia Civil, a quantidade de furtos e roubos de cargas aumentou 31% em 2015, na comparação com o ano anterior. Em se tratando apenas de roubos, o crescimento foi de 43,5%, enquanto no Brasil houve avanço de 10% no mesmo período.

 

O prejuízo gerado em 2015 foi de R$ 1,12 bilhão em todo o país, sendo R$ 212 milhões no território mineiro, de acordo com a Federação das Empresas de Transportes de Cargas do Estado de Minas Gerais (Fetcemg).

 

Receptação

 

O coronel afirma que 80% dos roubos ocorrem no trânsito urbano. As vítimas são motoristas de veículos de carga menores, que atendem pequenos comerciantes. Em 20% dos casos há ação do crime organizado e os alvos são carretas que transportam mercadorias de grandes empresas pelas rodovias.

 

“O que move esse crime é a existência de receptadores. Temos uma legislação defasada, que prevê pena branda (até quatro anos de prisão) para a receptação de produtos roubados. O crescimento dos delitos não é acompanhado pelo nível de resposta. A polícia sofre com a redução do efetivo”, ressalta o especialista.

 

Em 20% das ocorrências, os bandidos levam a carga e o caminhão. “Em se tratando dos roubos aos pequenos veículos de carga, as mais visadas são as de produtos alimentícios, bebidas e cigarros. É o que chamamos de crimes de oportunidades, em que o autor fica com parte do produto roubado. Quando se trata de crime organizado, ou seja, em que o criminoso não tem como levar o produto para casa, os alvos são as cargas mais valiosas, de eletroeletrôni-cos, medicamentos, têxteis, gasolina e autopeças”, diz o coronel.

 

O Sudeste concentra 85,7% das ocorrências. Apesar do número significativo em Minas, ele afirma que a situação é mais preocupante em São Paulo e no Rio de Janeiro.

 

Cortada pelas BRs-040, 381 e 262, Região Metropolitana de BH concentra maioria dos casos

 

UBERABA – Carga foi roubada em rodovia e caminhão interceptado em estrada vicinal
A Região Metropolitana de Belo Horizonte concentra a maior parte dos roubos e furtos de cargas registrados em Minas. “Nesta parte estão a maioria dos centros de distribuição de mercadorias. Além disso, ela é cortada pelas principais rodovias do Estado, as BRs-040, 381 e 262”, ressalta o delegado Marcus Vinícius Lobo Leite Vieira.

 

Ele é o chefe da 6ª Delegacia Especializada em Repressão ao Furto, Roubo, Antissequestro e Organizações Criminosas/Carga, vinculada ao Departamento de Operações Especiais da Polícia Civil (Deoesp). Segundo o delegado, as mercadorias mais visadas são cigarros, medicamentos e eletrônicos. “Duas regiões são mais problemáticas quanto à atuação de quadrilhas de outros Estados. No Triângulo, de criminosos de Goiás e São Paulo. E os do Nordeste costumam agir no Norte de Minas”, disse.

 

O coronel Paulo Roberto de Souza, assessor de segurança da NTC&Logística, afirma que em 63% dos roubos de carga os motoristas dos caminhões são abordados com o veículo em movimento. “Um carro de passeio passa pela faixa da esquerda e quem está no banco do carona aponta a arma para o motorista em locais ermos, de tráfego menos intenso e com pouco policiamento. Com o motorista rendido, um dos bandidos assume a direção do veículo de carga”, explica o especialista.

 

Estratégia

 

Diante do crescimento das ocorrências em 2015, na comparação com o ano anterior, a Polícia Civil mineira criou novas estratégias para combater as quadrilhas especializadas. “Fizemos um mapeamento das principais áreas de atuação, dos locais de abordagens das vítimas, dos dias da semana e horários com maior incidência do crime”, afirma o chefe da 6ª Delegacia.

 

Balanço

 

De janeiro a julho foram recuperadas em Minas 24 cargas roubadas, avaliadas em R$ 16 milhões. Foram recuperados 42 veículos, 62 criminosos foram presos e nove armas de fogo apreendidas.


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