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31 de Julho de 2015 – 05h56 horas / Folha de S. Paulo

Mesmo com o preço de todos os produtos agropecuários mais vendidos pelo Brasil em queda na comparação com o mesmo período do ano passado, o agronegócio continua aumentando a sua participação nas exportações.

No primeiro semestre deste ano, o setor foi responsável por 46% das receitas com as vendas externas. Em 2014, o percentual foi de 43%.

Os dados consideram o agrupamento de produtos utilizado pelo Ministério da Agricultura para definir agronegócio, incluindo a celulose.

Os números não refletem apenas méritos do setor, mas também um desempenho sofrível das exportações de produtos industrializados, cujos embarques caíram 8% no primeiro semestre.

O resultado reflete também a crise no mercado de minério de ferro, que perdeu o posto de principal item da pauta exportadora para a soja.

O complexo soja (grãos, farelo e óleo) respondeu por 16% das exportações brasileiras no primeiro semestre, mesmo com a queda de aproximadamente 30% nos preços em relação a 2014.

Neste ano, 6 dos 10 principais itens da pauta de exportação brasileira são agropecuários: soja, derivados de soja, carne de frango, café, açúcar e carne bovina. Eles responderam por 27% das receitas externas. Considerando a celulose, também no grupo dos 10 mais exportados, essa participação vai a 30%.

Uma análise de longo prazo mostra como esse setor vem ganhando relevância: há cinco anos, os seis itens agropecuários mais exportados respondiam por 24% do total. No primeiro semestre de 2005, eles foram apenas 8%.

Não por acaso, o setor deu um salto em produtividade nos últimos 15 anos, o que lhe garantiu posição de destaque no comércio global de matérias-primas.

No caso da soja, carro-chefe das exportações brasileiras, a produção subiu de 2,25 sacas por hectare, na safra 2004/05, para 3,02 estimados pela Conab (Companha Nacional de Abastecimento) para a safra atual, em média.

Peso na economia

Apesar da relevância cada vez maior para a balança comercial e, como consequência, para o balanço de pagamentos do país, a agropecuária tem uma participação pouco relevante no PIB (Produto Interno Bruto) calculado pelo IBGE. No ano ano passado, foi de 4,8%, com a geração de R$ 262 bilhões.

Esse valor corresponde apenas às atividades primárias do setor, ou seja, tudo o que foi produzido "da porteira para dentro". Exclui, por exemplo, os setores de insumos, como adubos, fertilizantes e agroquímicos, a agroindústria e a distribuição.

Considerando toda a cadeia, desde a produção primária até a distribuição, a participação do agronegócio na economia ultrapassa 20%. O cálculo do PIB agropecuário é feito pelo Cepea (Centro de Estudos em Economia Aplicada, da Esalq/USP) e considera a evolução do volume produzido e dos preços, já descontada a inflação.

Para 2015, o Cepea estima um recuo de 0,2% no PIB do agronegócio, que deve somar R$ 1,207 trilhão, segundo relatório divulgado na semana passada. Em um ano de retração econômica perto de 2%, como estima o mercado, a escorregadela do agronegócio passa quase desapercebida.


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