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25 de Fevereiro de 2014 – 01h10 horas / Diário de Cuiabá

O que era dado como certo se confirmou antes do previsto. O frete para escoar a nova safra mato-grossense de soja atingiu recorde de cotação. Conforme dados divulgados ontem pela Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT) e pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o transporte de uma tonelada está em R$ 330. Para efeito de comparação, o valor do frete é 36,6% do preço da soja disponível no mercado mato-grossense. Em julho, quando o segmento planejava a safra 2013/14 o temor pelo comportamento do custo do transporte era a maior preocupação, já que o cenário deste novo ciclo indicava (e vem ratificando) uma menor rentabilidade ao sojicultor.

 

Conforme o Imea, a cotação do frete de Sorriso/MT a Santos/SP está em R$ 330 por tonelada, ou R$ 18,6 por saca, um recorde para este período do ano e uma alta de 10% em relação à semana passada.

 

O maior valor já registrado pode ainda aumentar no decorrer das próximas semanas. Isso é esperado porque o clima está represando a colheita e a extração do grão não atingiu ainda nem metade da área plantada, ou seja, a maior parte da produção está no campo. Fora isso, as péssimas condições de trafegabilidade seguem jogando contra a rentabilidade do segmento. No ano passado, com um janeiro extremamente chuvoso, houve atrasos na colheita e quando o clima colaborou todos foram colher ao mesmo tempo e isso pressionou ainda mais a concorrência por fretes curtos (da fazenda ao armazém) e longos (até os portos), reverberando sobre a cotação do transporte.

 

Como exemplifica a Aprosoja/MT, a disputa por frete é naturalmente mais acirrada, já que a safra será 13% maior em relação a anterior, são esperadas 26,88 milhões de toneladas ante 23,66 milhões do ciclo 2012/13. “Com elevação no volume colhido nesta safra 2013/14 a demanda por transporte se acentua. Até o momento, 12,7 milhões de toneladas dessa safra vieram para o mercado, quase a metade e Mato Grosso já bateu o recorde no valor do frete que era de R$ 320 por tonelada”, aponta a Associação. Ano passado, esse valor só foi atingido na primeira semana de março quando a colheita da soja estava 70% concluída. “Neste ano, o pico no frete foi alcançado três semanas antes, pois em 2013, na mesma terceira semana de fevereiro, o frete estava em R$ 300”.

 

Pico de colheita – Ainda restam cerca de 13,9 milhões de toneladas a serem colhidas e a expectativa é de mais pressão sobre as cotações de transporte, pois o pico da colheita está começando. Segundo os dados divulgados pelo Imea, por meio do Boletim Semanal da Soja ontem, se a tendência de alta no preço do frete seguir a projeção das últimas três safras, o pico da cotação ocorrerá em março, quando quase toda a safra de soja já estará disponível no mercado. Com isso, a relação de frete com o preço da soja pode ultrapassar os 40% registrado em março do ano passado.

 

Os analistas do Imea lembram que na última semana, com a intensificação das chuvas, o ritmo das atividades no campo, em Mato Grosso, reduziu. Nesse período foram colhidos 10,9% da área nesta semana, cerca de 900 mil hectares (ha) contra 1,2 milhão da semana anterior, somando 47,3% da área de 8,2 milhões/ha sem a soja nas lavouras. Mesmo com uma evolução menor, a colheita nesta safra se encontra à frente da anterior em 4,2 pontos percentuais (p.p.) e em números absolutos 520 mil/ha a mais colhidos.

 

“Já foram lançadas no mercado quase 25% a mais que no mesmo período do ano passado, quando o mercado tinha disponível 10,1 milhões/t da oleaginosa. Esses valores, que seriam motivo de orgulho, acabam trazendo grandes problemas. Um desses é a conhecida disparada do frete até os portos. O que preocupa é que o pico de R$ 320/t foi alcançado no ano passado na primeira semana de março e já na terceira semana de fevereiro esse valor foi ultrapassado. Desta forma, por mais um ano, o produtor tem sua margem de lucro diminuída devido à falta de infraestrutura no país”.


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