
Evento reuniu empresários do setor de transporte rodoviário de cargas para debater os desafios do setor
O presidente do Sistema Transporte, Vander Costa, defendeu a importância estratégica da infraestrutura rodoviária e a necessidade de maior clareza regulatória para o transporte durante a abertura do 1º Encontro Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (TRC), realizado nessa quinta-feira (2), na sede da agência reguladora, em Brasília. O evento foi promovido pela ANTT em parceria com a CNT (Confederação Nacional do Transporte).
Diante de mais de 400 participantes, entre autoridades, empresários e representantes setoriais de todo o país, Vander Costa destacou que o modal rodoviário segue sendo a alternativa mais viável para o escoamento da produção nacional no curto prazo. Embora a multimodalidade seja uma meta a ser perseguida, o presidente ressaltou que a velocidade de implantação de ferrovias e hidrovias ainda não acompanha a urgência do país.
“O modal rodoviário é a alternativa mais viável para garantir o escoamento da produção no curto prazo. Nos últimos anos, tivemos grandes avanços em investimentos, mas, em regiões menos atrativas economicamente, são necessários os aportes públicos para desenvolver melhor a região. Só assim poderemos, no futuro, viabilizar novas concessões e manter o país competitivo”, afirmou.
Ao longo do encontro, dirigentes da CNT e do SEST SENAT também participaram de painéis que abordaram infraestrutura, fiscalização, formação de motoristas e descarbonização. A presença ativa reforçou o compromisso do Sistema Transporte em atuar como parceiro do poder público na construção de um ambiente regulatório mais estável e de políticas que assegurem competitividade e sustentabilidade ao TRC.
Escassez de motoristas
No painel sobre déficit de mão de obra no transporte, a gerente executiva de Desenvolvimento Profissional do SEST SENAT, Roberta Diniz, apresentou dados que evidenciam a gravidade do cenário. O envelhecimento da força de trabalho, a baixa entrada de jovens e a crescente demanda projetada para os próximos anos exigem respostas urgentes. “Se o setor cresce e não temos mão de obra suficiente, o risco é de aumento de custos, atrasos logísticos e até de comprometimento no abastecimento de bens essenciais”, alertou.
Roberta destacou que o SEST SENAT atua em três frentes estratégicas: atração, capacitação e valorização. Entre os projetos em andamento, estão o Mais Motoristas, que já ofertou mais de 55 mil vagas e prevê abrir outras 40 mil em 2025, e a Escola de Motoristas Profissionais, que recebeu investimentos de R$ 26 milhões neste ano, para a renovação e ampliação da frota de veículos utilizados nas aulas práticas.
Ela também apresentou o Motorista Série A, programa de reconhecimento e valorização profissional que já reúne mais de 8 mil motoristas inscritos, oferecendo premiações, ações de saúde e iniciativas de bem-estar.
Fiscalização e segurança jurídica
No debate sobre fiscalização e piso mínimo do frete, a gerente executiva governamental da CNT, Danielle Bernardes, reforçou a necessidade de maior transparência e comunicação entre reguladores e empresas. “O setor cumpre a lei, mas precisa de clareza sobre como ela será aplicada. Nossa proposta é que a fiscalização seja inicialmente educativa, com mais eventos e orientações que evitem autuações decorrentes de simples divergências de sistemas”, destacou.
Segundo Danielle, a CNT está mobilizada em todas as regiões do país, para orientar transportadores e difundir boas práticas. “Queremos segurança jurídica e regulatória para que as empresas possam operar com tranquilidade. Esse diálogo aberto com a ANTT é um passo fundamental para avançarmos”, afirmou.
Para fortalecer a Política Nacional de Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas (PNPM-TRC), entram em vigor na próxima segunda-feira (6) as alterações no Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais (MDF-e), previstas na Nota Técnica 2025.001 da ANTT. Entre as mudanças estão a obrigatoriedade de informar valores e formas de pagamento do frete, dados bancários do transportador e o NCM do produto predominante. De acordo com a ANTT, as medidas ampliam a rastreabilidade das informações fiscais e contratuais e tornam a fiscalização eletrônica mais precisa.
Sustentabilidade e renovação da frota
Encerrando a participação do Sistema Transporte, a gerente executiva ambiental da CNT, Erica Marcos, defendeu medidas concretas para reduzir emissões e apoiar o Brasil no cumprimento de suas metas climáticas.
Ela ressaltou que a multimodalidade e a renovação da frota são caminhos estratégicos. “Cerca de 12% dos caminhões em circulação no país têm mais de 35 anos. A substituição gradual desses veículos antigos por modelos modernos pode gerar até 85% de melhoria na qualidade do ar, com impacto direto na saúde da população e na eficiência do transporte”, explicou.
Erica também relacionou a qualidade das rodovias ao consumo de combustível e às emissões. Estudos da CNT mostram que 67% do pavimento avaliado apresentam problemas que elevam custos logísticos e geram desperdício energético. “Com investimentos em pavimentação e renovação de frota, o país não só avança em sustentabilidade, como também em competitividade econômica”, concluiu.
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