
Pesquisa indica qual foi a percepção das empresas de transporte em 2024 e quais as expectativas para este ano
Com todas as informações que reunimos a seguir: perspectivas de investimentos, contratações, reajuste de frete, variação de preço do diesel e expectativa de mercado, recorremos a esta velha metáfora do copo que está com água na metade, para convidá-lo a descobrir se a expectativa dos executivos do setor para 2025 é mais positiva ou negativa.
Como foi 2024 para sua empresa, ou pelo menos para grande maioria das transportadoras
Os resultados da ‘Pesquisa Sondagem Econômica Panorama de 2024 Perspectivas 2025’, feita pelo IPTC (Instituto Paulista do Transporte de Cargas) encomendada pelo SETCESP, apresentaram que o recente cenário econômico no Brasil demonstrou estabilidade e crescimento moderado em diversos setores, incluindo o transporte rodoviário de cargas.
A média de preços do Diesel Comum e o Diesel S10 registrada foi respectivamente de R$ 5,92 e R$ 5,99, representando um aumento discreto em relação, ao ano anterior, de 3,32% para o Diesel Comum e 3,01% para o S10. Essa pequena variação contrasta com o cenário de 2023, quando o aumento superou 23% em apenas um trimestre.
A pesquisa indicou que quase todas as empresas (95% das respondentes) disseram que tiveram faturamento positivo e lucratividade no ano passado. Embora 14% delas, tenham afirmado que não realizaram nenhum repasse no frete.

Outro dado interessante apresentado pelo estudo foi que o saldo de empregos chegou a 26.234, um aumento de 8,5% em relação a 2023. O volume de admissões alcançou o maior índice da série histórica, foi de 204.608 acompanhado, porém, de um elevado número de demissões, um total de 178.374.
Os empresários também foram ouvidos sobre aplicabilidade da Lei 14.599/2023 – que trouxe mudanças no seguro de responsabilidade civil no transporte rodoviário de cargas, quase dois anos após sua publicação, e o tema segue dividindo opiniões. Sendo que, 38% declarou estar muito insatisfeito ou insatisfeito com a legislação e 29% se manifestou neutro ao cenário.

O que esperar de 2025 quando o assunto é…
Investimentos
- A pesquisa apurou que 57% das empresas pretendem renovar a frota em 2025, ou seja, substituir por veículos mais novos ou zero km. Mantendo a mesma perspectiva das participantes do ano passado.
- Já 48% delas, informaram que desejam aumentar o número de veículos da frota, mas que não necessariamente precisam ser caminhões mais novos do que a frota atual.
- A cada ano, um número maior de empresas pretende capacitar seus colaboradores. O relatório informou que, em 2025, 95% tem a intenção de investir em treinamentos.
- Enquanto isso, investimentos em tecnologia serão feitos por 81% das empresas pesquisadas, 23%p.p. a mais do que no ano passado.
Contratações
A projeção é de novas contratações pelo regime CLT por 57% das empresas. Já 24% afirmam que preferem terceirizar a mão de obra, mas ainda assim, contratando profissionais para o segmento, em contrapartida 19% das empresas não tem planos para ampliar o quadro de funcionários.
“Existe um movimento maior de investir em capacitação da mão de obra já instalada nas empresas do que de contratação de novos colaboradores”, conta Raquel Serini, coordenadora de projetos e economista do IPTC, que assina o relatório com outros dois especialistas.
Reoneração da Folha
Com o fim do programa de desoneração, o setor de transporte rodoviário de cargas enfrentará uma elevação em seus custos operacionais. Sendo assim, 76% dos empresários se manifestaram contra a reoneração da folha de pagamento das transportadoras no Brasil.
Para a economista, essa situação impactará toda a sociedade, já que as empresas de transporte repassarão custos mais altos com mão de obra. “O serviço de transporte ficará mais caro, acarretando preços mais altos para os produtos e serviços utilizados pelos consumidores, sejam eles: alimentos, combustível, vestuário, medicamentos, entre outros”, afirma.
Expectativa do mercado
Quando perguntados sobre as expectativas para este ano, 43% dos empresários tem a percepção de que este ano será dentro do esperado, sem grandes saltos, entretanto uma parcela de 48%, acredita que será pior do esperado e 10% espera que seja melhor do que o esperado, ou seja, um cenário ponderado.

“O setor vem enfrentando grandes desafios desde 2023, com a regulamentação de alguns atos normativos, que modificaram as condições operacionais e que de certa forma afetam a saúde financeira dos negócios até passarem por esse período de adequação. Mesmo assim, as empresas seguem comprometidas com qualidade e segurança. Paralelo a isso, os custos operacionais não deixaram de subir, exigindo dos empresários um ressarcimento imediato a fim de cobrir os gastos com os insumos essenciais para a execução da atividade de transporte”, alerta Serini.
Para ela, o transporte rodoviário de cargas opera com margens reduzidas, tornando inviável a absorção dos custos adicionais sem ajustes nos preços. E por falar em reajuste do frete, menos da metade dos entrevistados, precisamente 43%, acreditam que o frete se manterá estável em 2025. Tem aqueles que acreditam que irá melhorar (33%) e uma parcela de 24% acha que irá piorar.
O cenário previsto para este ano
“2025 apresenta diversos desafios tanto no âmbito global quanto no Brasil. Muitos empresários estão revisando seus planos orçamentários devido ao aumento do custo do dinheiro, com a projeção da alta dos juros em 15% até o final do ano”, informa o relatório.
“Apesar disso, é possível ver um ‘copo meio cheio’. O TRC continuará sendo pilar fundamental para a economia do país”, avalia coordenadora, comentando que a perspectiva está mais otimista do que pessimista.
Ainda segundo a economista, com a combinação de políticas públicas de melhoria de infraestrutura, investimentos em tecnologia e inovação e o crescimento das perspectivas econômicas, o setor tem tudo para continuar se expandindo e se modernizando, garantindo sua relevância nos próximos anos.
“O mercado também traz oportunidades para quem souber se adaptar à inovação e à transformação. O Brasil, apesar das adversidades, segue sendo um player estratégico no comércio global”, conclui a especialista.
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