Composição da folha de pagamento no TRC
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*Por Raquel Serini

“O impacto do aumento da mão de obra”

Que a folha de pagamento diz respeito a todos os valores pagos aos funcionários, isso todos já sabem; o que muitos ainda não entendem, é que uma gestão eficiente tem papel muito importante para o monitoramento dessa despesa. Inevitavelmente o salário do motorista e o combustível são os itens de maior relevância nos custos, dependendo da operação.

Nas transportadoras, que necessitam de um número elevado de pessoas para realizar a prestação de serviço, a representatividade da folha de pagamento pode ser expressiva. Além disso, ela contém diversas obrigações legais, que devem ser cumpridas pela empresa, sem contar o pagamento de encargos sociais e benefícios, muitas vezes, estabelecidos pelas convenções coletivas de trabalho (CCT). Portanto, em alguns casos, gera impactos de até 30% do valor da receita da empresa.

COMPOSIÇÃO DA FOLHA NO TRC

Identificadas as obrigações, os benefícios, encargos e salários que compõem a folha de pagamento, fica mais fácil ter um raio x dos gastos para gerenciar melhor o orçamento.

E, depois de todos esses processos, será possível realizar as provisões para os próximos meses, considerando,na gestão de custos, variações não esperadas, mudanças nas leis trabalhistas, e outros aspectos.

Por isso, entender o quanto cada item representa na composição da folha é tão importante. Vejam que o grupo remuneração é o mais expressivo, representando mais de 60% dos gastos com a folha, seguido dos benefícios que chega a representar 25% e por fim, mas não menos importante, os impostos com aproximadamente 13% de participação.

MERCADO DE TRABALHO NO TRC

De forma geral, o ano de 2020 foi positivo para o TRC. O mercado de empregos acompanhou esta tendência positiva e registrou um aumento de 26,89% nas contratações em relação ao ano de 2019, totalizando 63.647 postos de trabalhos a mais no TRC em 2020, na base territorial do SETCESP, segundo dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

Só a contratação de motoristas de caminhão representou 22% deste total de admissões, com 10.849 posições preenchidas para a função, um total de 17% das admissões e um número -3,23% menor que o ano anterior, onde foram contratados 11.203 motoristas.

  1. O PERFIL DO EMPREGO

Responsável pela maior parcela do PIB Nacional, o setor de serviços conta com 1,4 milhões de empresas, que movimentaram R$ 1,8 trilhão em 2019. Sem contar que só o modal do transporte rodoviário de cargas movimenta 65% de tudo o que é comercializado no país. E no mercado de trabalho não poderia ser diferente.

Nos últimos anos o segmento mais empregador foi o de serviços. Segundo dados da Pesquisa Anual de Serviços (PAS), de 2019 feita pelo IBGE, o grupo de transportes e serviços auxiliares aos transportes de correios integra o terceiro lugar no ranking de ocupações, sendo responsável pelo emprego de 2,5 milhões de pessoas, o que representa um crescimento de 277,3 mil pessoas, com remuneração média geral de R$ 2.800,00 e para o segmento de transporte rodoviário de cargas de R$1.932,75.

As estimativas indicam que o mercado de trabalho brasileiro começa a mostrar maior dinamismo, repercutindo a retomada do nível de atividade. Essa melhora do mercado de trabalho vem se traduzindo na expansão da população ocupada e também pela recuperação, ainda que lenta, da economia pós-pandemia.

 

  1. EVOLUÇÃO SALARIAL

Se compararmos os reajustes aplicados nos últimos 10 anos com a inflação oficial através do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), podemos observar uma oscilação positiva nos salários entre 2012 a 2016. A partir de 2017, os reajustes apresentaram variações negativas ou próximas de zero, o que significa que o salário nominal está menor que o salário real.

Os piores anos para o reajuste salarial no TRC se deu entre maio/2018 a abril/2019, maio/2019 a abril/2020 e maio/2020 a abril/2021, que apresentaram variação de 2,5%, 5,07% e 0,0%, respectivamente. Muito pelas condições do mercado, crescimento da informalidade, greve dos caminhoneiros e expectativas reduzidas de crescimento econômico.

Analisando o salário de motorista carreteiro com o salário mínimo dos últimos 3 anos, e cruzando com a inflação do período, podemos observar que o salário do TRC esteve 8,95% acima do mínimo estipulado pelo governo em 2019. Já em 2020 o salário real esteve abaixo do esperado em -0,85%, devido ao não reajuste da categoria. Mas se recuperando em 2021, com uma alta de 3,41%, frente a variação de preços de janeiro a julho, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Ampliado).

Por essa razão, não se recuperará o poder de compra do salário apenas com aumentos graduais, pois do outro lado as remarcações e os reajustes de preços tornarão inúteis estas medidas antes que elas cheguem ao bolso do trabalhador.

Há a necessidade de fazer a roda da economia girar e alavancar o poder de compra. Resta-nos estar atentos ao desempenho dos indicadores de confiança para verificar se a retomada da atividade no país é legítima, reforçando as projeções do mercado. Uma vez que, a saúde financeira das empresas é restaurada, consequentemente, gerando mais empregos, as famílias consumirão mais, a indústria produzirá para atender a demanda, gerando mais carga a ser movimentada. Obedecendo assim o ciclo econômico.

*Raquel Serini é economista do IPTC.


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