Investimentos em infraestrutura devem crescer no Brasil, mas falta planejamento
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Apesar da alta estimada nos investimentos, cresce também o número de projetos anunciados sem data de início das obras; execução depende de vontade e prioridade política

Mesmo com um cenário político e econômico desfavorável, os investimentos em obras de infraestrutura e indústria no Brasil devem totalizar 71,2 bilhões de reais no período de 2021 a 2026 – um crescimento estimado de 24,7% comparado ao período de 2020 a 2025. Os números são do estudo “Perspectivas do Mercado de Infraestrutura 2021 – 2026”, da consultoria Neoway, cedido com exclusividade à EXAME, e contemplam obras em andamento com previsão de conclusão até o último ano do período indicado.

A alta desses números é puxada pelo setor de transportes e vias urbanas e pelo setor de energia, que respondem, respectivamente, por 40% e 30% do montante. As obras de parques eólicos, termoelétricas, metrôs e rodovias concentram a maioria dos investimentos. “No setor de energia, os investimentos continuam convergindo para energia eólica, que cresce continuamente como matriz energética do país”, aponta o relatório.

Mesmo durante a crise do coronavírus, os governos não chegaram a cancelar nem postergar grandes projetos – o que ajuda a entender o crescimento dos números mesmo em um cenário adverso, como explica Jamila Rainha, gerente de produtos da Neoway, que monitora as construtoras e obras do segmento imobiliário, infraestrutura e industrial com abrangência nacional.

“Há para este período uma previsão de obras de grande porte como as do Metrô de São Paulo – a extensão da linha 2 Verde até a Penha -, que está autorizada pelo governo do estado e tem previsão de entrega entre 2025 e 2026”, explica a executiva. “Outros exemplos de fatores que contribuem são projetos como da linha Laranja do Metrô e grandes projetos industriais na área de papel e celulose, que continuam impulsionando investimentos nesse setor.”

Apesar de algumas dessas obras estarem em um estágio inicial e dependerem de uma complexidade de fatores para ser executada no período previsto, o que o estudo leva em consideração é a projeção de conclusão.

Muitos projetos e intenções, mas pouco planejamento e execução

O relatório aponta também um aumento de 14% nas intenções de investimentos anunciados para o período de 2021 a 2026, totalizando R$ 882,3 bilhões. Apesar dos números expressivos, apenas 8% dessas obras em fase de projeto e intenção tem uma previsão de início – percentual que vem aumento ao longo do anos -, o que significa que o montante de investimento em jogo é real, mas a execução depende de vontade, prioridade política e planejamento estratégico.

Assim como nas obras em andamento, o setor de transportes e vias urbanas deve concentrar as intenções de investimento (48,3%), seguido do setor energético (20,9%) e da indústria (26,9%), este último puxado pelos aportes planejados na área de papel e celulose.

Tanto em relação às obras em andamento quanto aos projetos e intenções, a região Sudeste concentra a maioria dos investimentos – puxada pelo Estado de São Paulo -, seguida do Nordeste (que concentra metade dos investimentos em projetos de geração de energia) e do Sul do país.


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