*Cyro Buonavoglia
Há algumas décadas, ao falarmos no século XXI, uma das primeiras coisas que vinham à cabeça eram carros voadores e super computadores. A visão do futuro era muito romantizada e baseada nos filmes de ficção científica de Hollywood e em desenhos famosos, como Os Jetsons; mas, nunca pensamos em como seria, realmente, o dia a dia e o relacionamento entre as pessoas.
Não ocorreu em nossas cabeças que as inovações mexeriam tanto com o ser humano. Se voltarmos algumas décadas no tempo, podemos fazer uma boa análise de como o comportamento mudou.
Tivemos os anos dourados, os anos dos automóveis, dos grandes lançamentos de produtos de computação, entre outros. Com essa “divisão” de momentos, a humanidade tinha um norte mais claro. Porém, com a rápida evolução que a internet trouxe, desde 2008, ganhamos um ritmo mais frenético para a criação de muitas ideias e fórmulas para o dia a dia de todos nós.
O homem percebeu, com o tempo, que os recursos no planeta poderiam acabar, por exemplo, e que as consequências da exploração desses recursos seriam terríveis. Então, ao unir esse pensamento com o poder da internet, nasceu o conceito de economia compartilhada.
Casas, carros, barcos, livros, bicicletas, brinquedos e até aviões passaram a ser compartilhados. Para termos uma ideia, segundo a consultoria PwC, a economia compartilhada deve movimentar U$ 335 bilhões, em 2025, em todo o mundo; segundo especialistas, esse modelo pode ser responsável por mais de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) do setor de serviços no Brasil.
Mundo digital
Uber e AirBnB são as empresas mais conhecidas por fomentarem a economia compartilhada, baseada em plataformas digitais. Mas existem outras tantas pelo mundo, criadas por jovens ávidos por mudanças e um mundo sem fronteiras.
Coworkings também são um reflexo desse novo mundo, afinal, os aluguéis nas grandes cidades ficaram muito altos. Hospedagem de pets, serviços de entrega de um modo geral, como o de alimentos, entre outros serviços também não param de crescer, graças a esse novo mundo digital.
Embora a pandemia tenha prejudicado negócios da economia compartilhada, durante alguns meses, vários negócios começaram a surgir, justamente em função das necessidades desse período de isolamento social. Ao mesmo tempo, as pessoas passaram a ter mais consciência do consumo desenfreado, despertado há algumas décadas.
Mudança
Quando era jovem, na década de 60/70, por exemplo, era normal desejar ter carros. Todos nós queríamos comprar o primeiro automóvel e, gradativamente, trocar por modelos melhores e mais atuais. Fazia parte do nosso comportamento.
Hoje, se você perguntar a um jovem o que ele quer, se surpreenderá; eles almejam por liberdade para trabalhar, pensar, viajar, morar e se locomover. Eles não querem apenas se apegar a bens materiais, mas também querem experiências obtidas nesse mundo digitalizado e compartilhado.
No caso de automóveis, o que comprova essa teoria é que a emissão de Carteira Nacional de Habilitação para jovens de 18 a 21 anos caiu 20,61%, de 2014 a 2017. E a tendência é que isso continue no mundo todo, inclusive.
No Brasil, a economia compartilhada cresce cada vez mais. De acordo com pesquisa do SPC Brasil e CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), em todas as capitais, revelou que, para 79% dos entrevistados, o compartilhamento de bens torna a vida mais fácil e funcional.
Dessa maneira, o caminho não tem volta e creio que isso é muito bom. Teremos muito espaço para novos negócios e uma humanização maior nos relacionamentos. Para o planeta, sem dúvidas, é um excelente caminho e, para as grandes empresas, é um exemplo a ser seguido.
Para nós, que atuamos no mercado de transporte e logística, surgirão várias oportunidades e facilidades, até porque a mobilidade urbana será uma das maiores beneficiadas. Além disso, outro setor que também será beneficiado é o de geração de energias limpas, como a fotovoltaica e a eólica.
Portanto, mais um ponto para a tecnologia, que não só mudou a forma de trabalhar, mas também como nos relacionamos com as pessoas e com o planeta, de uma forma mais harmônica e humanizada.
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