Volume do setor de serviços cai 3,5% em agosto, diz IBGE
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15 de Outubro de 2015 – 04h06 horas / G1

Os segmentos de transportes e de serviços profissionais recuaram e puxaram para baixo o volume do setor de serviços do país em agosto, quando registrou queda de 3,5% em relação ao mesmo mês de 2014. Em julho, o recuo do indicador havia sido ainda maior, de 4,2% e, em junho, de 2,2%. No ano, a baixa acumulada é de 2,6% e, em 12 meses, de 1,1%.

É o pior agosto da série da pesquisa, que foi iniciada em janeiro 2012. Os números foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (15).

Essa é a primeira vez em que o IBGE divulga os índices referentes a volume. Até julho, era divulgada apenas a receita. Conforme explicou o técnico da coordenação de serviços e comércio do IBGE Roberto Saldanha, o volume de serviços é a receita de serviços descontada a inflação.

Quase todos os segmentos mostraram queda, exceto o de serviços de informação e comunicação, que cresceu 0,2%. Os serviços prestados às famílias recuaram 8,2%, os serviços profissionais, administrativos e complementares, -5,2%, transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio, -4,4%, e outros serviços, -12,5%. O agregado especial das atividades turísticas, que foi incluído no cálculo a partir desta divulgação, avançou 0,1%.

Frente a agosto do ano passado, a receita nominal cresceu 1,0%, a segunda menor taxa da série iniciada em 2012. No ano, a taxa acumulada da receita nominal ficou em 2,1% e, em 12 meses, em 3%.

O segmento de serviços prestados às famílias caiu 8,2% no volume de serviços em agosto frente ao ano anterior, a segunda maior baixa da série iniciada em janeiro de 2012. No ano, o setor acumula queda de 4,8% e, em 12 meses, de 4,3%.

“Nós tivemos retração no poder de compra das famílias. Se nós formos mensurar pelo rendimento médio, a redução no poder de compra foi de 3,5% em agosto [contra agosto de 2014]. Se for calcular pela massa de rendimento médio real [a renda do domicílio], a retração foi de 5,4%. Isso tudo está levando retração nos serviços prestados às famílias.”

Os serviços profissionais, administrativos e complementares recuaram 5,2% em agosto frente ao mesmo período do ano passado. No ano, a baixa acumulada é de 2,4% e, em 12 meses, de 1,0%. Os serviços técnico-profissionais, correspondentes aos serviços intensivos em conhecimento, registraram queda de 5,3% em volume de serviços e os Serviços administrativos e complementares, que abrangem as atividades intensivas em mão-de-obra, recuo de 5,1%.

“Serviços profissionais, administrativos e complementares é o setor que mais vem sofrendo com os cortes orçamentários do governo. Esses cortes têm feito o governo contratar menos serviços”, afirmou.

No caso do segmento de transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio, a queda foi de 4,4%. No ano, a retração acumulada é de 5,6% e, em 12 meses, de 3,2%.

O único setor que mostrou alta foi o de serviços de informação e comunicação. A variação acumulada no ano ficou em 1,2% e em 12 meses, de 1,7%. Os serviços de tecnologia da informação e comunicação recuaram 0,5%. Os serviços audiovisuais, de edição e agências de notícias, cresceram 5,3%.

“Foi único segmento que apresentou crescimento real, puxado pelos serviços de tecnologia de informação e serviços audiovisuais. A gente vê que são serviços que têm produtividade grande. Mesmo você tirando o efeito de inflação, pelo fato da produtividade, ele consegue alavancar. A produtividade desse setor [de informática] superou essa questão de preços. E os serviços audiovisuais também.”

Regiões

Na análise regional, as maiores quedas partiram de Amapá (-14,2%), Maranhão (-12,2%) e Sergipe (-7,8%). Apenas seis locais registraram alta: Rondônia (9,6%), Roraima (5,7%), Mato Grosso (3,8%), Mato Grosso do Sul (3,3%), Rio Grande do Norte (2,6%) e Distrito Federal (2,1%).

Mudança

Na construção dos índices de preços dos estados não cobertos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foram utilizados os relativos de preços da área geográfica mais apropriada e para as atividades não contempladas por índices específicos, foi utilizado o IPCA Serviços.

“Com o início dessa divulgação, a gente inicia um processo que permite uma análise de mundo real de um setor da economia. Nós podemos ter uma variação mais clara de que o setor está aumentando ou tendo uma retração”, explicou Saldanha.


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