Triple Botton Line: O Tripé da Sustentabilidade
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Por Thiago Budni*

É difícil prever o futuro do transporte rodoviário de cargas em um mundo com restrições nas emissões de carbono. Há várias soluções disponíveis, ou sendo desenvolvidas, mas geralmente faltam vontade e urgência para fazer os ajustes necessários no estilo de vida e gestão. Nosso papel como entidade representativa é o de informar quais mudanças estão ocorrendo para, em seguida, orientar e impulsionar os transportadores a realizarem estes ajustes de maneira simples, clara e com impactos positivos em seus negócios.

Nós acreditamos que as empresas devem perceber a questão ambiental como uma chance de fazer diferente, uma chance de criar um ambiente de trabalho mais saudável, de rever seus processos e promover inovações. Essas mudanças podem se transformar em verdadeiras oportunidades, inclusive propiciando vantagens importantes sobre a concorrência.

A abordagem do triple bottom line, ou o tripé da sustentabilidade (Ambiental, Social e Econômico), proposto pelo consultor e sociólogo britânico John Elkington em seu livro “Canibais com Garfo e Faca” (1997), integra as preocupações ambientais, sociais e econômicas na estratégia da gestão, as quais devem ser consideradas para classificar uma empresa como sustentável. John Elkington é um dos precursores da responsabilidade social e ambiental nas grandes empresas.

Vamos detalhar um pouco cada uma das 3 áreas do triple bottom line:

Responsabilidade Ambiental

É um conjunto de atitudes voltado para o desenvolvimento sustentável do planeta. Ou seja, as ações das empresas ajustadas à responsabilidade ambiental levam em conta o crescimento econômico ajustado à proteção do meio ambiente na atualidade e para as gerações futuras.

Responsabilidade Social

Esta área envolve medidas que proporcionam cultura, educação e melhores condições de vida e saúde aos colaboradores da empresa e à comunidade onde está inserida. Chamamos de responsabilidade social quando empresas, de forma voluntária, adotam posturas, comportamentos e ações que promovam o bem-estar dos seus públicos interno e externo. É uma prática voluntária pois não deve ser confundida exclusivamente por ações compulsórias impostas pelo governo ou por quaisquer incentivos externos (como fiscais, por exemplo). O conceito, nessa visão, envolve o beneficio da coletividade, seja ela relativa ao público interno (funcionários, acionistas, etc) ou atores externos (comunidade, parceiros, meio ambiente, etc.).

Gestão Econômica Sustentável

São as questões melhores desenvolvidas por empresas que dirigem sua organização através de processos que incentivam e recuperam todas as formas de capital, humano, natural e financeiro. Nessas áreas as ações realizadas devem comprovar financeiramente seus os resultados, seja com economia de recursos ou em geração de valor e novos negócios. Significa não só garantir o retorno ao acionista no final do ano (no curto-prazo), mas também satisfazer as expectativas que os diferentes stakeholders (partes interessadas) têm sobre o comportamento ético, econômico, social e ambiental da empresa.

Heiko Spitzeck, professor e gerente do Núcleo de Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral – FDC, cita algumas das vantagens mais perceptíveis de implantar a sustentabilidade na estratégia do negócio, alinhada aos projetos e objetivos da empresa, como um maior poder de precificação do serviço, redução de custos, atração e retenção de talentos, incentivos fiscais, aumento de participação no mercado, bem como acesso a novos mercados. Além destes, outros valores intangíveis também são desenvolvidos, como o aumento do valor da marca, através da melhoria da imagem, da diferenciação no mercado e de fidelização e preferência de clientes. O professor Heiko também cita algumas vantagens na gestão de risco, como a redução de custos com multas, facilitação de processos, menos atrasos nas operações e aumento da longevidade da empresa.

Nesse contexto, é preciso inovar considerando os impactos das três dimensões da sustentabilidade.

Não temos dúvidas de que aqueles que inovarem, tiverem boas ideias e estiverem preparados para abrir caminho através dessa complexidade serão recompensados. É preciso ter em mente que o caminho da sustentabilidade pode gerar melhores resultados, aumentar a eficiência, reduzir custos e aumentar a percepção de valor que os clientes e a sociedade têm de nossos serviços e de nossas empresas.

* Thiago Budni, da Rodoeng Transportes, é Diretor da Especialidade de Meio Ambiente e Transporte de Produtos Perigosos do SETCESP desde 2013. Também foi coordenador da COMVERDE – Comissão de Estudos em Meio Ambiente e Transportes da entidade em 2011 e 2012.


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