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17 de Agosto de 2016 – 03h44 horas / Portal Amazônia

A estiagem severa que afeta o Sul da Amazônia reduziu de maneira preocupante o nível do Rio Madeira, que liga os estados do Amazonas e Rondônia. Em determinados trechos, a navegabilidade está parcialmente comprometida. Por essa razão, algumas embarcações precisam reduzir em até 30% o volume de cargas transportadas para continuar navegando. Mesmo assim, a atividade fica prejudicada e o tempo de viagem de Manaus a Porto Velho praticamente dobra.


O Rio Madeira atingiu nível de 2,28 metros (m) em Porto Velho na segunda-feira (15). A cota é a menor registrada do início de agosto nos últimos 10 anos. No ano passado, na mesma data, o rio estava com 9,48 metros.


Segundo o Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas (Sindarma), em média, o tempo de viagem fluvial de Manaus a Porto Velho era de quatro dias, mas as balsas que transportam combustíveis, grãos e outros produtos agora navegam até sete dias para cumprir o trajeto. No sentido oposto (Porto Velho-Manaus), que antes era de oitos dias, passou para 15 dias o tempo de viagem.


O vice-presidente do sindicato, Claudomiro Carvalho Filho, explica que a redução em 30% do volume da carga transportado foi adotada para que as embarcações naveguem com calado mais leve. Ele também assegura que apesar das dificuldades, não há previsão de desabastecimento em Manaus e nem de aumento do preço dos fretes. "Temos um aumento do custo da viagem, até em função da redução da capacidade de carga, mas já está sendo absorvido pelas empresas de transporte", explica.


O Sindarma avalia que a dragagem em pontos críticos do rio poderia ter minimizado os efeitos da vazante, garantindo as condições de navegação no período de estiagem. Porém, segundo a entidade, há dois anos o serviço não é realizado e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) só deve começar a dragagem no próximo ano.


"Se houvesse uma dragagem periódica no Rio Madeira para reduzir o assoreamento e os bancos de areia, as condições de navegabilidade permaneceriam mesmo no período da seca. Temos cobrado a realização da dragagem, que é uma necessidade urgente", enfatizou o presidente do Sindarma, Galdino Alencar Júnior.


O Madeira é um dos principais corredores logísticos do Brasil e integra o Arco Norte. Pela Hidrovia do Madeira produtores escoam a produção agrícola, principalmente soja e milho de Mato Grosso e Rondônia, e insumos como combustíveis e fertilizantes, com destino a Porto Velho e Manaus. Além de alimentos e produtos produzidos na Zona Franca de Manaus.


A situação não preocupa apenas o setor empresarial. No dia 13 de julho, a Marinha do Brasil restringiu a navegação noturna de comboios de embarcações no trecho entre Porto Velho e o município amazonense de Humaitá.


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