Tolerar é aceitar tudo?
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A resposta a essa pergunta é evidentemente NÃO, pelo menos se quisermos considerar a tolerância como uma virtude. É preciso que lembremos que a questão da tolerância, só aparece em questões de opinião. Ignoramos mais do que sabemos e tudo o que sabemos depende, direta ou indiretamente, de algo que ignoramos.

Assim, tolerar, significa eu permitir, para mim mesmo, que outras pessoas tenham comportamentos e opiniões diferentes das minhas. Mas isso não significa que eu deva tolerar a desonestidade, a injustiça, a corrupção, o crime etc.

Tolerar é aceitar o que eu poderia condenar, combater ou mesmo proibir. Tolerar é renunciar a uma parte do meu poder, de minha força ou de minha raiva. Ou seja, só há tolerância se eu superar meu próprio interesse e impaciência. A tolerância só vale com si mesmo e a favor de outrem, pois não há tolerância quando nada se tem a perder.

Tolerar o sofrimento dos outros, a injustiça de que não somos vítimas, o horror que nos poupa não é mais tolerância: é egoísmo e indiferença, no mínimo.

Vamos deixar claro que só haverá a virtude da tolerância quando não se trata de justiça e obrigação que devo ter ao aceitar que haja pessoas diferentes de mim e que pensem e ajam de forma diferente. Isso é direito e obrigação e não tolerância. Assim, não se deve chamar de tolerância o fato de eu aceitar que pessoas tenham preferências religiosas ou políticas diferentes das minhas. Isso é direito e obrigação.

A virtude da tolerância ocorre quando, mesmo discordando, eu me esforço por permitir o que considero intolerável e que não fere os princípios da moral ou da ética.

A tolerância é uma virtude, exatamente porque exige o nosso esforço.

Pense nisso. Sucesso!


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