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20 de Abril de 2016 – 05h09 horas / O Estado de S.Paulo

Se 2015 foi o ano de a inflação bater os dois dígitos, agora é a vez de o desemprego atingir tal marca. A taxa de desemprego no Brasil ficou em 10,2% no trimestre encerrado em fevereiro, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a maior taxa registrada desde o início da pesquisa, em janeiro de 2012.

 

Anteriormente à PNAD Contínua, o desemprego era medido pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que abrange menos cidades. Por esta metodologia, a última vez que o desemprego chegou a dois dígitos foi em maio de 2007, quando também ficou em 10,2%.

 

O resultado de fevereiro representa uma aceleração, visto que no trimestre encerrado em novembro havia sido de 9%. Também foi maior do que o verificado no mesmo trimestre de 2015 (7,4%).

 

A população desocupada no País atingiu o montante recorde de 10,371 milhões de pessoas, um crescimento de 40,1% em relação ao trimestre encerrado em fevereiro de 2015, o equivalente a mais 2,97 milhões de brasileiros nessa condição, maior alta em termos absolutos.

 

"Não foi a variação porcentual mais alta da série. Mas quando você compara com o mesmo período do ano anterior, a pesquisa tem crescimento expressivo na desocupação", disse Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

 

Além do aumento do desemprego, o trabalhador, em geral, ganhou menos. A renda média real do trabalhador foi de R$ 1.934, o que representa uma queda de 3,9% no trimestre de fevereiro frente ao mesmo trimestre do ano anterior.

 

A massa de renda real habitual paga aos ocupados somou R$ 171,3 bilhões no trimestre até fevereiro, queda de 4,7% ante igual período do ano anterior. Desde janeiro de 2014, o IBGE passou a divulgar a taxa de desocupação em bases trimestrais para todo o território nacional. A nova pesquisa substitui a PME, que abrangia apenas as seis principais regiões metropolitanas, e também a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) anual, que produz informações referentes somente ao mês de setembro de cada ano.

 

Postos de trabalho

 

O País registrou um corte de 1,172 milhão de postos de trabalho no período de um ano. A população ocupada ficou em 91,134 milhões de pessoas no trimestre encerrado em fevereiro de 2016, recuo de 1,3% ante o trimestre encerrado em fevereiro do ano passado. Após sucessivos cortes de vagas, a população ocupada volta ao patamar de meados de 2013, ressalta o coordenador do IBGE.

 

"A queda na população ocupada foi extremamente agressiva. Várias pessoas perderam emprego. Além dos trabalhadores que foram contratados temporariamente, o corte foi adiante. Pessoas que estavam efetivamente empregadas perderam o trabalho", apontou Azeredo.

 

Ao mesmo tempo, a população em idade de trabalhar aumentou 1% em um ano, 1,625 milhões de indivíduos a mais. Já o total de inativos diminuiu 0,3%, 174 mil pessoas a menos nessa condição.

 

"Há um crescimento demográfico da população. A população cresce. É esperado que emprego cresça acima da população, se a situação econômica for favorável. Mas o que acontece aqui é que a geração de emprego não é suficiente, pelo contrário, não absorve essas pessoas", disse Azeredo.


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