Responsável pela movimentação de mais de 60% das mercadorias e de mais de 90% dos passageiros, o transporte rodoviário enfrenta graves problemas com a baixa qualidade da infraestrutura no Brasil: apenas 12,4% da malha rodoviária é pavimentada. A frota, por sua vez, aumentou 63,6% no período de 2009 a 2017, chegando a quase 100 milhões de veículos em circulação no Brasil. Os dados são do Anuário CNT do Transporte 2018, divulgado pela CNT (Confederação Nacional do Transporte) nessa segunda-feira (13).
Outros números demonstram o tamanho do problema. A maior parte das rodovias pavimentadas é de pista simples (92,7%). Além disso, as condições deixam a desejar: segundo a Confederação, que avalia toda a malha federal pavimentada e os principais trechos estaduais também pavimentados, 61,8% das vias pesquisadas apresentam algum tipo de problema sendo classificadas como regular, ruim ou péssima. O pavimento apresenta problemas em metade dos trechos. Já a sinalização e a geometria da via têm classificação regular, ruim ou péssima, com índices de 59,2% e de 77,9%, respectivamente.
O resultado da combinação entre esses fatores é uma sobrecarga da malha e o agravamento do risco de acidentes. Somente no ano passado, nas rodovias federais, foram contabilizados 58.716 acidentes com vítimas e 6.243 óbitos em rodovias federais. Para se ter uma ideia, mais da metade das ocorrências foi em vias com pista simples de mão dupla. Esses episódios corresponderam a 71,4% das mortes registradas no ano passado.
“Os índices são preocupantes e mostram que a solução passa, necessariamente, por investimentos em infraestrutura. Precisamos expandir e melhorar a qualidade da nossa malha para que as rodovias não fiquem tão sobrecarregadas”, avalia o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista. Ele destaca que outro problema é a elevação do custo operacional do transporte. “O setor é onerado com um custo adicional na operação de 27%, em média, no Brasil devido às más condições do pavimento”, diz.
O Anuário CNT do Transporte 2018 também mostra que a frota de motocicletas foi a que mais cresceu entre 2009 e 2017. O aumento foi de 74%. Em segundo lugar, ficaram os automóveis, com incremento de 53% do período. Em seguida, apareceram os ônibus, com 44% de acréscimo, e, por fim, os caminhões, com 34% de incremento.
Neste ano, o Anuário CNT do Transporte chega à sua terceira edição, com informações sobre todos os modais (rodoviário, ferroviário, aquaviário e aéreo), nos segmentos de cargas e de passageiros. São mais de 800 tabelas com números que permitem diversas análises sobre a realidade e o desenvolvimento do setor.
O trabalho marca o resgate da cultura de difusão de dados públicos e privados do setor para o planejamento sistêmico do transporte nacional. Todas as informações estão disponíveis em www.anuariodotransporte.cnt.org.br.
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