Sindicato das transportadoras lança app que dá nota para caminhoneiros
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Um aplicativo com blockchain e machine learning permite que transportadoras de todo país avaliem os caminhoneiros contratados por meio de notas — em estratégia semelhante às estrelas dadas aos motoristas de Uber.  A “Classificação Gamificada de Motoristas”, criada no final de novembro pelo Setcesp (Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região), está em fase de atualização e deve ganhar novos recursos em 2020.

Por meio da ferramenta, as transportadoras classificam os caminhoneiros segundo diversos critérios, entre eles o cumprimento de prazos, uso de equipamentos de segurança e situação da carga no momento da entrega. Até o início de dezembro, 1.565 mil motoristas foram cadastrados na plataforma por 22 empresas. “Pedimos que as grandes transportadoras colaborem avaliando os motoristas e as pequenas, se unam e façam em grupo”, afirma Tayguara Helou, presidente do Setcesp.

De acordo com o representante, a ferramenta não vai prejudicar os motoristas, mas sim “beneficiar os que trabalham bem”. “Nossa proposta é valorizar a classe e estimular a produtividade do setor. Não vamos fazer com que um caminhoneiro roube o serviço do outro”, justifica.

“Em 2020, a entidade planeja acrescentar informações geradas por telemetria (computador instalado dentro dos veículos) ao aplicativo. Se a tecnologia for, de fato, implementada, será possível registrar se o caminhoneiro realizou frenagens bruscas, mudou o estilo de direção por conta da chuva e excedeu a velocidade. Além disso, um mapa de calor deve mostrar onde estão localizados os melhores motoristas do país, por meio de machine learning. “No futuro, podemos até realizar um ranking com os melhores motoristas do país e bonificá-los”, diz ele, que é um dos donos da Braspress Transportes Urgentes.

Questionado sobre a tecnologia, Wallace Landim, um dos principais líderes dos caminhoneiros autônomos do país, afirma que o aplicativo reflete a tendência do mercado e realmente deve valorizar bons profissionais. No entanto, ele critica a unilateralidade do sistema. “A gente também tem que avaliar as empresas. Da mesma forma que existem caminhoneiros ruins, há transportadoras ruins. Há sempre dois lados da moeda e se ambos forem avaliados, todos crescemos”, contrapõe.

Logística sem papel

Ambicioso sobre o uso de tecnologia na logística, Helou destaca que as transportadoras já podem substituir canhotos de papel por comprovantes eletrônicos de entrega desde setembro — após projeto de sua autoria ser aprovado pelo governo. Tão logo o documento é emitido por um software de gerenciamento financeiro, os dados são enviados para o sistema tributário. Desta forma, o caminhoneiro não é barrado no caminho. Nos próximos anos, o passo deve ser ainda maior: “implantar a logística zero papel”.

“Queremos que todas as informações do processo logístico estejam conectadas via QR Code. Desta forma, o caminhoneiro precisará apenas de seu smartphone para realizar o carregamento e a entrega”, explica.


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