O setor de transportes de cargas no Estado de Minas Gerais deve fechar 2019 com retração. Conforme o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Minas Gerais (Setcemg) e vice-presidente da Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Fetcemg), Gladstone Lobato, o resultado negativo é atribuído à paralisação parcial da mineração e à demora na votação das reformas estruturantes.
No início de 2019, a entidade trabalhava com projeção de alta de 2,3% para o ano, índice estipulado pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística). Entretanto, os números foram revisados para baixo, com as novas projeções indicando perdas.
Lobato informou que o percentual de retração do setor de transporte de cargas não está definido. Mas, até agora, segundo ele, as atividades ligadas à mineração tiveram queda de 20%. E, conforme divulgado na semana passada pela Fundação João Pinheiro, em Minas, o setor de transportes como um todo teve queda de 1,1% no primeiro trimestre de 2019 na relação com igual período de 2018. Nessa mesma base comparativa, a atividade avançou 0,2% no País. No acumulado de 12 meses (até março), as perdas em Minas foram de 0,7%, enquanto na média nacional houve avanço de 1,5%.
O presidente do sindicato informa que, mesmo com a aprovação das reformas estruturantes este ano, a melhora nos resultados está sendo esperada somente para 2020.
De acordo com Lobato, do início de 2019 até agora, houve melhora para o setor somente quanto ao preço do diesel, que ficou mais estável.
“Nem é tanto a queda de preço ocasionada pela queda no dólar, mas a estabilidade é muito importante. Porque aí temos como calcular até como correr atrás de perdas”, diz.
Em março, a Petrobras mudou a política de preços do diesel, determinando que os valores do diesel não fossem alterados em período inferior a 15 dias. Mas, no mês passado, a petroleira mudou novamente as regras, determinando que preços do diesel e gasolina podem ser alterados sem periodicidade definida. Na ocasião, a medida levou à queda no preço do diesel.
Mineração – O impacto da retração da atividade da mineração, após a tragédia da Vale em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi fortemente sentido pelo setor de transportes.
“A queda da mineração comprometeu muito todas as operações no Estado. A mineração foi um elo partido que puxou tudo para baixo”, reforça Lobato. Ele explica que as empresas de transporte ligadas à atividade não têm nem como migrar para outro segmento, pois os veículos utilizados são próprios para a mineração.
Para compensar, pelo menos em parte, as perdas da mineração, os empresários contavam com a aprovação das reformas estruturantes, como Previdência e tributária, o que ainda não ocorreu.
“Não foi votado nada. Quem quer investir no País está esperando”, diz.
Além da questão da mineração e das reformas, ele reforça que outro fator que interfere negativamente no setor é a baixa demanda, devido ao consumo comprometido frente à lenta recuperação da economia.
Para aquecer o setor, Setcemg e Fetcemg cobram que a agenda de concessões seja acelerada, de forma a impulsionar obras em rodovias, o que pode auxiliar a economia como um todo e, consequentemente, os transportes.
Meio ambiente – A Fectcemg realiza hoje, na sede da entidade, na Pampulha, a entrega do prêmio Melhor Ar. A premiação é voltada às empresas do setor de transportes rodoviário de cargas que se destacam no monitoramento da emissão de poluentes de suas frotas e que desenvolvem práticas de preservação do meio ambiente.
Neste ano, serão premiadas 45 empresas. O objetivo é incentivar o uso racional do combustível e a melhoria de qualidade do ar. Conforme Lobato, o tema vem ganhando relevância entre os empresários do setor. Com isso, a premiação vem crescendo.
Todas as empresas participantes do prêmio tiveram suas frotas monitoradas pelo Programa Ambiental do Transporte – Despoluir da Confederação Nacional do Transporte (CNT), cuja gestora em Minas Gerais é a Fetcemg. De junho de 2018 a junho de 2019 foram 19.510 aferições, resultando um crescimento de 13% comparado ao mesmo período de 2017.
voltar