O SETCESP (Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região) vem a público manifestar seu repúdio em relação ao aumento no preço do diesel, que gera um enorme impacto negativo na prestação de serviços do transporte rodoviário de cargas do país, responsável pela logística de mais de 60% de toda a produção nacional.
A Petrobras aplicou, no último dia 29, um reajuste de quase 9% sobre o valor do diesel, após apenas 85 dias de estabilidade nos preços praticados nas refinarias. Com o ajuste, o valor médio do diesel vendido pela companhia a distribuidoras passou de R$2,81 para R$3,06 por litro, refletindo um reajuste médio de R$0,25 por litro. Acumulando uma alta de 56,68% somente no período de janeiro a setembro de 2021.
Diante deste cenário, apuramos que o aumento sobre o preço do diesel na refinaria elevará os custos do transporte de cargas lotação em 15,31% em média, e na carga fracionada de 7,54%, sacrificando ainda mais as operações de transportes à longa distância. Sendo que a defasagem do frete apurada no primeiro semestre do ano foi acima dos 18% evidenciando que as empresas do TRC estão com as receitas abaixo do ideal para equilibrar as despesas.
Compreendemos que existe a Lei de mercado, que os preços oscilam conforme a oferta e demanda, e que é necessário estar em paridade com o mercado internacional. Porém, consideramos que esse aumento deveria ocorrer de forma diluída e não abruptamente. Ainda mais, nesse período em que os empresários do setor estão tentando se recuperar da crise econômica advinda com a pandemia.
Além disso, não foi oferecida nenhuma linha de crédito específica ao transportador e nenhum tipo de congelamento de alíquota em nosso sistema tributário, para subsidiar o elevado aumento no preço do principal insumo essencial a nossa atividade, que chega a representar até 50% do custo da operação.
Em contrapartida, assistimos que a recuperação do preço do petróleo vem impulsionando o desempenho da Petrobras, que no segundo trimestre de 2021, gerou um lucro de R$42,8 bilhões, sendo que no mesmo período do ano anterior, a estatal registrou prejuízo de R$2,7 bilhões. E segundo a empresa, o atual resultado foi garantido, justamente, por maiores margens de lucro nos combustíveis.
Somos favoráveis à rentabilidade das empresas, mas sem que isso seja a qualquer custo, onerando toda a sociedade brasileira. Lucro sim, mas com equilíbrio.
Percebemos que o lucro de uma única organização está sendo privilegiado em detrimento da economia de todo o País, colocando em risco, não somente a saúde das empresas de transporte, mas também impactando negativamente o poder de compra dos cidadãos, pois a elevação do preço do diesel afeta toda a cadeia logística e aumenta o chamado “custo-Brasil”, freando a retomada econômica que tanto carecemos.
Assim, não resta outra alternativa aos transportadores, a não ser, realinhar suas tarifas, imediatamente perante os contratantes de frete, o que impactará nos custos das mercadorias, inclusive, aquelas básicas à população, como alimentos e medicamentos.
São Paulo, 04 de outubro de 2021.
Tayguara Helou,
Presidente do Conselho Superior e de Administração do SETCESP.
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