O SETCESP realizou ontem a 21ª edição do Fórum Paulista do Transporte, com um debate sobre o abastecimento da cidade e as dificuldades das empresas de transportes para realizar operações na cidade de São Paulo. O evento, realizado na sede da entidade, teve a presença de pouco mais de 300 associados e recebeu o prefeito Gilberto Kassab e o secretário de Transportes Alexandre de Moraes, além do vereador Ricardo Teixeira, do vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo, Arab Shafic Zakka, do ex-presidente do SETCESP e presidente da Braspress, Urubatan Helou e do palestrante da Petrobras, Aloísio José Mentes Espinosa.
O presidente do SETCESP abriu o evento falando sobre a importância do
abastecimento para a cidade e a falta de condições para as transportadoras
O presidente do SETCESP, Francisco Pelucio, iniciou o evento falando sobre algumas sugestões imprescindíveis para o bom abastecimento da cidade, formuladas pela entidade, como a criação de uma diretoria de Logística na Secretaria Municipal de Transportes e modificações nas restrições aos caminhões na cidade. “O setor de transporte de cargas em São Paulo pagou caro pela ampliação da Zona de Máxima Restrição à Circulação para mais de 100 quilômetros quadrados e precisa que algumas mudanças sejam feitas. Sugerimos que a prefeitura faça alguns testes com o VUC e os caminhões toco dentro da área de restrição, para estudarmos sua liberação.”, disse Pelucio, que também ressaltou o pedido da entidade para que a prefeitura cuide do caso dos veículos frigorificados de transporte de perecíveis, isentos do rodízio, que estão levando multas na cidade.
Secretário falou brevemente e prometeu cuidar das multas indevidas aos
veículos de transporte de perecíveis na cidade
O secretário de Transportes de São Paulo, Alexandre de Moraes, foi o primeiro a falar e fez uma breve participação, apenas agradecendo as sugestões do SETCESP e se colocando à disposição para estudar e debater os problemas. “Podem ter certeza de que, ao sair daqui e voltar para o gabinete, tratarei dos assuntos aqui colocados, como a criação de uma diretora de Logística e principalmente as multas aos veículos de transporte de perecíveis”, disse Moraes em seu rápido pronunciamento.
Gilberto Kassab agradeceu o espaço e o bom relacionamento
do SETCESP com a prefeitura
O prefeito Gilberto Kassab agradeceu a participação e as sugestões do SETCESP para a mobilidade de São Paulo e reconheceu a importância da entidade na realização de estudos para a melhora do trânsito. Kassab aposta muito na inauguração do trecho Sul do Rodoanel, no final do ano, para que o trânsito da cidade tenha um alívio, mas já anuncia mais restrições quando a via for liberada para circulação. Ele considera que somente a melhora do transporte coletivo poderá desestimular as pessoas a utilizar o carro particular, diminuindo o número de veículos em trânsito. “Se os governos passados tivessem investido mais pesadamente no metrô, teríamos um cenário muito melhor para o transporte de cargas”, justifica. Ele agradeceu a parceria do SETCESP com a prefeitura, disse que irá estudar as sugestões do Sindicato para o trânsito, mas não fez nenhuma declaração ou apresentou nenhuma solução efetiva para o problema.
O palestrante da Petrobras, associada mantenedora do SETCESP,
fez uma apresentação sobre instalação de tanques
Em seguida, o Fórum apresentou uma palestra da associada mantenedora do SETCESP, Petrobras, sobre instalação de equipamentos de armazenagem de combustíveis, com Aloísio José Menten Espinosa. Em sua apresentação, Espinosa explicou a importância da segurança e da instalação correta dos tanques.
Ricardo Teixeira, vereador paulistano, lembrou a falta de planejamento
para a estrutura viária de São Paulo
O vereador Ricardo Teixeira, que preside a Comissão de Transportes da Câmara Municipal de São Paulo, participou do evento e expôs a necessidade de mudanças no trânsito e o crescimento dos congestionamentos na cidade. “A cidade cresceu, mas o espaço urbano ficou escasso. O crescimento da cidade, sem planejamento, fez com que os grandes corredores viários se transformassem em grandes aglomerados” disse Teixeira, que também abordou temas como o Rodoanel, o Plano Diretor da cidade, os estacionamentos em via pública e a questão do motofrete.
O representante da Associação Comercial de São Paulo, Arab Shafic,
afirmou que o comércio não suportará mais restrições ao abastecimento
O vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo, Arab Shafic Zakka, falou sobre a visão dos recebedores de cargas e os problemas de desabastecimento do comércio por causa das dificuldades na mobilidade urbana. “Esperamos que haja uma flexibilização das restrições. Não há como o comércio de São Paulo suportar mais restrições. E o recebimento à noite de mercadorias é impossível. Se houver mais alguma proibição, o abastecimento do comércio da cidade ficará muito prejudicado”, disse.
Urubatan Helou fechou o evento com um panorama geral dos problemas do
setor e alertou para o risco de apagão logístico em SP
Para fechar o evento, o ex-presidente e membro do Conselho Superior do SETCESP, presidente da Braspress Urubatan Helou, fez uma palestra sobre os principais problemas do setor e os entraves ao trânsito de caminhões em São Paulo. Helou citou algumas dificuldades do transporte, como a elevação das taxas de seguro, as barreiras fiscais, o roubo de cargas, a proliferação da exploração infantil nas estradas, os pedágios e a má conservação das estradas brasileiras. “Não existe uma política de renovação da frota brasileira. Para cada veículo zero quilômetro, temos um com 30 anos de idade”, disse o empresário. Sobre o trânsito, Urubatan Helou lembrou o grande número de carros emplacados diariamente em São Paulo. “O Detran registra o emplacamento de mais de 1500 carros por dia na cidade e nascem 700 crianças por dia em São Paulo. Temos mais carros chegando do que seres humanos. Não há como o viário suportar uma marca dessas. São Paulo é hoje uma das cidades mais motorizadas do mundo e, se continuar assim, a cidade vai parar literalmente, teremos um apagão logístico em 2012”, ponderou. Helou acredita que o rodízio é um agente alavancador do trânsito. “Com o rodízio vêm os carros velhos, que quebram e geram mais congestionamentos, e vem também a frota pirata, que hoje em São Paulo orbita em cerca de 1,8 milhão de carros”.
Sobre o abastecimento urbano, Urubatan Helou lembrou que cerca de 3% do PIB brasileiro estão concentrados nos 100 quilômetros quadrados da zona de restrição de São Paulo. Ele falou sobre os decretos que instauraram as restrições aos caminhões na cidade e sobre as entregas noturnas. “Se nada for feito, áreas de grande circulação de pessoas e grande concentração de comércio poderão sofrer um processo de abandono e conseqüente deterioração urbana”, finalizou. O custo São Paulo, a necessidade de terminais de cargas e de outras medidas para melhorar o abastecimento da cidade também foram citados por Helou. “Se houvesse uma política para repovoar áreas abandonadas do Centro, trazendo pessoas que moram em bairros muito afastados, poderíamos diminuir a necessidade de viagens longas pelo viário urbano e, assim, diminuir um pouco o trânsito. O abastecimento de São Paulo não é um problema municipal apenas, é um problema nacional e, se o Brasil nada fizer, haverá um apagão logístico generalizado”, finaliza o empresário.
Ao final, os palestrantes responderam a algumas perguntas da platéia.
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