SEST SENAT promove a saúde do caminhoneiro na Câmara dos Deputados
Compartilhe

O caminhoneiro tem, em média, 48 anos; trabalha muitas horas seguidas; e se alimenta mal. Sabe-se que 43% deles não praticam atividade física com regularidade; e alarmantes 58% desses profissionais estão em depressão. Esses e outros dados foram apresentados nesta terça-feira (26) pelo SEST SENAT no XII Fórum de Políticas Públicas e Saúde do Homem, realizado no Plenário 7, Anexo II, da Câmara dos Deputados. A audiência ocorre em meio à campanha mundial Novembro Azul, que busca reforçar a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de próstata.

Na ocasião, a técnica Katienne Holanda detalhou a rede de proteção oferecida pela entidade em suas 150 unidades operacionais espalhadas pelo país. “Nossos interesses convergem. Juntos, pretendemos a efetivação de políticas de saúde voltadas para essa parcela da sociedade”, ressaltou. “Com cursos e qualificações profissionais, a gente consegue trabalhar diretamente as causas externas de mortalidade entre esses motoristas. Para as que pedem mudança de hábito, oferecemos atendimento em nutrição, fisioterapia e psicologia – é todo um ecossistema”, acrescentou.

Além dos números de atendimentos, Katienne falou sobre a parceria com o médico Drauzio Varella no programa Prevenção de Acidentes, as ações do Transportando Saúde nas Cidades e a conscientização promovida pelo Proteção, projeto contra a exploração sexual de crianças e adolescentes. “Desse modo, a gente vai além dos muros das unidades – vai diretamente até os caminhoneiros onde eles estão, nas rodovias e nos pontos de parada”, detalhou.

“A gente precisa aproveitar a capilaridade do SEST SENAT, que já tem uma rede construída. É como diz o ditado: ‘Quem pede tem preferência’.”, exaltou o médico Arílson de Sousa Carvalho Júnior, representante da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia). “Pegar as boas experiência e extrapolar. Nesse contexto, a urologia quer ser o portal de oportunidades. Queremos que, ao entrar em um consultório, o caminhoneiro tenha acesso a tudo o que a medicina possa lhe oferecer. Para isso, precisamos ser parceiros do poder público. De nada adianta ficarmos encastelados em nosso conhecimento se não impactarmos a vida das pessoas”, defendeu.

“O trânsito precisa ser simplesmente meio de deslocamento, e não meio de tragédia”, frisou o também médico Ricardo Irajá Hegele, da Abramet (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego), lembrando que a associação contribui, há mais de 25 anos, para o bem-estar físico e psíquico do trabalhador do transporte. “Muitas das legislações que temos hoje partiram de pressupostos de conhecimentos elaborados pelo trabalho da Abramet, como a que regula o uso de cadeirinhas para bebês”, reforçou. De acordo com Hegele, o país conta com 15 mil especialistas em medicina de tráfego, que têm um encontro marcado com os motoristas profissionais, no máximo, a cada cinco anos para os exames de renovação de habilitação – e que esse contato tem de ser aproveitado para a difusão de políticas públicas de saúde.

Em depoimento emocionado, o caminhoneiro Luiz Anibal Vieira Machado, presidente do Sindicato do Trabalhador Rodoviário, pontuou que o “SUS é o maior e melhor plano de saúde” e rogou aos parlamentares presentes para que o sistema seja poupado de cortes feitos em nome da austeridade fiscal. “Que o SEST SENAT possa chegar ainda mais perto! Ele é muito importante para nós, e precisamos que se amplie e nos dê proteção”, elogiou.

Participou também da mesa Danilo Campos da Luz e Silva, da Coordenação de Saúde do Homem, do Ministério da Saúde, que aproveitou a ocasião para lançar o Cartão de Saúde do Caminhoneiro, espécie de caderneta com todo o histórico clínico do paciente, que facilita os atendimentos em postos de saúde em todo o território nacional. A iniciativa respeita o fato de que o caminhoneiro é um profissional itinerante e que, portanto, não pode ter atendimento restrito ao seu município, como geralmente ocorre nessas unidades, voltadas para a “população adstrita”.  

O evento foi finalizado com a intervenção de Heloiza Helena Casagrande Bastos, representante da Coordenação Nacional de Saúde do Trabalhador, que traçou um amplo histórico do SUS ao longo dos anos. Os trabalhos foram mediados pelo deputado federal Sérgio Vidigal, que louvou a realização de um evento com viés no trabalhador do transporte, o que auxilia a Câmara a cumprir o seu papel primordial de Casa do Povo.


voltar