Artur Santos comanda a vice-presidência de Operações da Pamcary. Formado em engenharia civil e bacharel em direito, fez carreira no mercado de seguros onde atua há mais de 45 anos, inclusive, é professor da Escola de Negócios e Seguros e diretor da ANSP – Academia Nacional de Seguros e Previdência. Durante esse período de quarentena conversou com a Revista SETCESP sobre como a empresa permaneceu dentro da normalidade, mesmo neste momento crítico.
Quais as alternativas tecnológicas as empresas de transporte de cargas podem contar para maior segurança em suas operações? Entre tantas ferramentas poderia destacar a mais eficaz no seu ponto de vista?
A escolha de tecnologia de segurança é uma decisão difícil para o empresário de transportes, pois atualmente existem mais de 28 tipos de dispositivos oferecidos pelo mercado. No entanto, se tivesse que recomendar apenas uma ação de gerenciamento de riscos, sem hesitação, apontaria o investimento no motorista, adequando seu perfil ao risco da operação e capacitando-o para diminuir sua exposição às ameaças durante uma viagem.
Há dois anos, a Pamcary implementou o serviço de Torre de Controle. Por quais características esse serviço se diferencia de uma central de monitoramento comum?
O serviço oferecido pela Torre de Operações da Pamcary é completamente diferente daquele prestado por uma Central de Monitoramento (CM). Uma CM, para atuar, precisa que os veículos sejam equipados com rastreadores. A Torre da Pamcary controla 100% das viagens, a partir das averbações eletrônicas e consultas ao Telerisco, e isto independentemente da existência de tecnologia embarcada. Assim também uma CM não pode se autocontrolar, enquanto a Torre da Pamcary tem a isenção e a neutralidade para gerenciar a qualidade de dezenas de centrais a ela conectadas, acionando recursos de pronta resposta. Por fim, diferente de uma CM, a nossa Torre, enxerga riscos à frente, antes mesmo que se concretizem, apoiada em uma ampla e dinâmica base de dados de sinistros, de sofisticados algoritmos, tem a capacidade de predizer o risco de uma viagem, antes dela se iniciar. E na hipótese de uma ameaça real, tomar uma decisão imediata e precisa para a sua neutralização.
Em dezembro passado, a Pamcary inaugurou novas instalações da Torre que ocupa cerca de 250m2, um andar inteiro do prédio onde está localizada a nossa sede, em São Paulo.
No ano passado, o comitê de cargas do Reino Unido apontou o Brasil ocupando o 7º lugar no ranking de roubo de cargas entre 57 países analisados. Como isso reflete no trabalho das seguradoras e gerenciadoras de risco?
Nos últimos dois anos foram observadas reduções nas ocorrências, de 24.900 em 2017, para 17.400 em 2019. Um número ainda inaceitável, mas demonstra que a adoção de políticas de segurança pública são fundamentais para a mudança deste triste cenário.
O roubo de cargas é uma atividade enraizada há décadas. Estabeleceu uma demanda crescente de atores e soluções de GR, criando um mercado que deve superar os R$ 4 bilhões/ano. Diante deste cenário, observou-se uma migração dos valores pagos em seguros para as ferramentas de gerenciamento de riscos.
Temos aqui um ponto de reflexão, pois apesar de todo o investimento feito em GR, os resultados não se traduziram em apólices mais saudáveis, com menor sinistralidade. A experiência tem demonstrado que, mesmo com o cumprimento de PGR extremamente rigorosos, os roubos e acidentes ocorrem, destacando o papel fundamental de uma apólice de seguros bem desenhada, com coberturas adequadas e que suporte os riscos futuros e incertos.
O setor de seguros também sentiu os efeitos da pandemia causada pelo Coronavírus? Como a Pamcary está lidando com a realidade imposta pela Pandemia?
Como todos os setores produtivos do País, o de seguros também foi impactado pela crise causada pelo Covid-19, com a redução brusca da receita de prêmios.
A Pamcary sempre esteve preparada para situações adversas e gerenciar crises.
Nossa área comercial já operava, antes da pandemia, munida de ferramentas tecnológicas de apoio a vendas, acessando os sistemas automatizados para cotação de todos os ramos seguros. A área responsável pelo atendimento aos sinistros no local do evento, vistoria dos prejuízos e regulação, em nível nacional, já atuava em campo apoiada em amplo suporte tecnológico que, em instantes, possibilita ao cliente todo o acompanhamento do evento de maneira digital e em real time (SGS Online). Então, posso dizer que está tudo ocorrendo dentro da normalidade, com total segurança para nossos colaboradores, mantendo os níveis de serviço, em prazo e qualidade, aos patamares anteriores ao período de quarentena.
Pensando no futuro, quais são as perspectivas da Pamcary nos próximos 10 anos?
A Pamcary, desde a sua fundação, tem como características principais do seu trabalho, a inovação e o pioneirismo, sempre com inspiração nas necessidades do setor de transporte de cargas e logística. Estamos investindo em capital humano e tecnológico para transformar a Pamcary numa empresa totalmente digital. Queremos continuar desenvolvendo e lançando produtos e serviços inéditos, que sejam úteis para o transportador de cargas, pois os caminhos da Pamcary sempre foram, e continuarão sendo, os do TRC.
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