Roubo de carga aumenta custo de prevenção
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28 de Setembro de 2017 – 03h50 horas / Valor Econômico

A diminuição no volume de mercadoria transportada e o aumento da incidência de roubos impuseram uma nova realidade para seguradoras e transportadoras no país. Nos dois últimos anos, o setor vem enfrentando aumento de custos com práticas de prevenção, gerenciamento de risco e seguro.

 

O cenário piorou na maioria dos países, mas o Brasil atualmente é o oitavo lugar com maior risco de roubo de carga no mundo, melhor avaliado apenas do que países em regiões de conflito como Síria, Iêmen, Líbia, Afeganistão, Sudão do Sul, Somália e Iraque. São cerca de 20 mil ocorrências por ano com prejuízo estimado de R$ 1,5 bilhão.

 

Os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro concentram mais de 80% dos eventos, segundo levantamento da JCC AnnualCargo Forum. "E com respeito à comercialização, o Brasil é praticamente um caso único no mundo, tendo em vista o complexo ambiente regulatório", avalia Omar Mendoza, diretor de marine da Chubb, líder neste segmento no país, com quase 11% de participação no total de prêmios em 2016. Em outros países, a cobertura de importação, exportação e trânsito nacional pode ser emitida em uma apólice única. No Brasil, não.

 

O cenário tem provocado mudança de postura nos dois extremos na cadeia. De um lado as seguradoras exigem que as transportadoras e fabricantes adotem práticas que possam diminuir essas ocorrências, como monitoramento da carga, rastreamento do veículo via satélite, trava do baú, trava de quinta roda, dispositivos como sirene, baú blindado, além da chamada 'isca' – rastreamento em um sapato fictício que fica dentro de uma caixa junto com a carga para que ela seja localizada.

 

Sem isso, alguns seguros chegam a ser rejeitados ou mesmo inviabilizados devido ao alto custo de cobertura.

 

Principalmente os mais visados como alimentos, cigarros, eletroeletrônicos, farmacêuticos, químicos, metalúrgicos, têxteis, autopeças, combustíveis e bebidas. Na outra ponta, as transportadoras reclamam dos altos custos implícitos em toda a operação, o que tem provocado a paralisação de algumas empresas. "As taxas de seguro devem ter aumentado cerca de 25% nos últimos 16 meses. Com sintomas de aumentar mais, porque o roubo de carga continua crescendo, as apólices são superavitárias, o seguro é obrigatório e as companhias não fazem nenhuma concessão", reclama o vice-presidente da NTC& Logística, Urubatan Helou.

 

Nas contas da entidade, em 70% dos casos, uma mesma mercadoria recebe três averbações de seguro, o que o torna um dos componentes mais caros para o transporte de carga no Brasil e pode variar de um estado a outro e de produto a produto. "A diferença de preços pode chegar a 50% entre um Estado do Nordeste e o Rio de Janeiro, região considerada altamente crítica", afirma Helou.


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