Mais da metade das rodovias que cortam Mato Grosso do Sul apresentam condições de conservação entre “ótimo” e “bom” no seu estado geral ou em quesitos como conservação do pavimento e sinalização, com as melhores notas atribuídas às estradas federais –puxando o conceito geral do Estado. É o que aponta a Pesquisa CNT de Rodovias 2018, divulgada nesta segunda-feira (1º) e que analisou 4,4 mil quilômetros lineares da pista –mais da metade dos 8,4 mil existentes.
Das 24 rodovias que tiveram trechos analisados, 11 são federais, 10 são estaduais e três são transitórias (rodovias estaduais com superposição de uma federal, mas que estão sob a jurisdição do primeiro ente federativo). Primeiro item notado por praticamente todo o condutor, o pavimento nas estradas sul-mato-grossense foi avaliado como “ótimo” em 51,2% dos trechos analisados (2.257 km) e “bom” em 4,1% (182 km). O conceito “regular” foi atribuído a 38,8% (1.711), enquanto 4,3% (190 km) foram considerados ruins e 1,6% (70 km) foi visto como péssimo.
Os números do pavimento colocam o Estado em situação melhor que a média do Centro-Oeste, onde 38,6% do pavimento foi avaliado como “ótimo” e 4,5% como “bom”.
Dentro dos 4,410 km avaliados, 1.224 (27,8%) tiveram a superfície considerada “perfeita” e 2.676 (60,6%) foi visto como “desgastado”. Em 10% (440 km) houve trincas e remendos na malha, e em 70 km (1,6%) afundamentos, ondulações e buracos. Em 74% do total também foi identificada pintura da faixa central visível, percentual que chega a 75,2% quanto a faixas laterais.
A sinalização vertical também teve boas notas no estudo da CNT. Placas de limite de velocidade foram encontradas em 87,9% dos trechos vistoriados, e as de indicação (distâncias, acessos e pontos de interesse) em 94,6%. Quanto a visibilidade, 89% não tinham mato cobrindo placas (mas em 6,2% dos casos, em trechos que perfizeram 273 km, o matagal as tapavam completamente).
Federais – A malha federal é aquela com as melhores qualificações, sendo a BR-359, que conecta municípios do norte do Estado (como Alcinópolis e Chapadão do Sul) a Goiás. Ela se destaca porque o pavimento, durante a análise, foi considerado “ótimo”, enquanto o estado geral e a sinalização foram qualificados como “bons”. Já a geometria da via –que abrange elementos como o tipo de pista (simples ou dupla), existência de faixa adicional de subida, pontes viadutos, curvas perigosas e acostamentos– foi qualificada como regular.
A geometria aparece como o calcanhar de Aquiles do sistema viário estadual: todas as rodovias em Mato Grosso do Sul receberam conceito “regular”, “ruim” ou “péssimo” nesse quesito.
Única rodovia concedida à iniciativa privada no Estado, a BR-163 teve todos os seus 854 km que cortam Mato Grosso do Sul de norte a sul analisados. Estado geral, pavimento e sinalização foram considerados bons, enquanto a geometria teve conceito regular. A duplicação da estrada federal, que caminha a passos lentos, tem sido alvo de críticas e movimentação de municípios e da classe política.
A mesma avaliação dada à 163 foi conferida às BRs 262 (de Três Lagoas a Corumbá) e 158 (Três Lagoas a Cassilândia). Já a BR-419, pavimentada de Aquidauana a Jardim, teve a geometria qualificada como ruim e os demais quesitos considerados bons.
A pior nota entre as estradas federais do Estado foi concedida à BR-487, que liga a BR-163, na região de Naviraí, a Porto Camargo (PR), passando pelo Parque Nacional da Ilha Grande.
Estaduais – Em relação às estradas estaduais, a situação foi considerada menos favorável. As de melhor colocação, conforme o levantamento, são as MSs 134 (que se converte na BR-376, entre Nova Andradina e Santa Rita do Pardo), MS-217 (BR-359, no Norte) e a MS-395 (Bataguassu a Brasilândia). As três ganharam conceito regular em relação ao estado geral, pavimento e sinalização, com a geometria vista como ruim.
Por outro lado, a MS-377, analisada ao longo de 127 quilômetros entre Água Clara e Inocência, teve os piores conceitos entre as rodovias analisadas: foi considerada péssima em relação ao estado geral, sinalização e geometria, e regular quanto ao pavimento.
Nacional – A Pesquisa CNT de Rodovias 2018 analisou mais de 107 mil quilômetros de rodovias em todo o Brasil. A entidade, que congrega o setor de transporte rodoviário, lembra que mais de 60% das cargas e 90% dos deslocamentos de pessoas no país ocorrem em rodovias, o que exige investimentos pesados no setor.
A entidade aponta que, do universo estudado, 1,3 mil km (78,5%) não tem pavimento. Nos 213,4 mil quilômetros pavimentados, 65,6 mil estão sob jurisdição da União, sendo que apenas 6,4 mil estão duplicados e 1,3 mil em duplicação (2,1%). Dados do Fórum Econômico Mundial colocam o Brasil na 112ª posição mundial em relação à qualidade das rodovias (sul-americano melhor posicionado, o Chile é o 24º no ranking).
Privado x Público – A CNT também realizou contraposições em relação a trechos concedidos à iniciativa privada e que continuam sob gerenciamento público no país. Em estado geral, os 19,5 mil km de malha nas mãos de concessionárias analisados tiveram melhores notas quanto ao estado geral (42,5% de ótimo, 39,4% de bom e 16,6% de regular) que os 87,5 mil km públicos (4,6% de ótimo, 29,6% de bom e 39,4% de regular, havendo ainda 18,4% de ruim e 8% de péssimo, contra 1,4% e 0,1% dos concedidos, respectivamente).
O pavimento também teve melhor conceito ótimo em relação aos trechos concedidos (74,2% contra 35% das vias públicas, que tiveram 41,2% de avaliação regular ante 18,9% dos privatizados) e à geometria (19,8% contra 2,1%).
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