Produção industrial sobe 8% em julho e cresce pelo 3º mês seguido, aponta IBGE
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Apesar da sequência positiva, a produção ainda acumula baixa de 9,6% no ano

A indústria brasileira cresceu pelo terceiro mês consecutivo em julho, após o choque inicial das medidas de isolamento social. A produção avançou 8% na comparação a junho, com ajuste sazonal, mostram dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A leitura do mês ficou acima da mediana das projeções de 29 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, de alta de 6% da produção. O intervalo das estimativas variava de uma alta de 4,4% a um crescimento de 8,4%.

Com as medidas de enfrentamento da pandemia, a indústria havia registrado perdas recordes em março (retração de 9,3%) e abril (queda de 19,5%). Em maio, a retomada foi iniciada com uma alta de 8,7% da produção (dado revisado de uma alta de 8,2% anteriormente divulgado), seguido por avanço de 9,7% em junho (revisado de um aumento de 8,9%).

As medidas de isolamento provocaram paralisação de fábricas sobretudo em março e abril, com férias coletivas, redução de jornada de trabalho e outras medidas. Maio marcou o início gradual de retomada do setor.

Apesar da sequência de três altas, a produção industrial ainda acumula baixa de 9,6% no ano e de 5,7% nos últimos 12 meses. Nem todo o ritmo, portanto, foi recuperado. Frente a julho do ano passado, a produção industrial mostra perda de 3%.

Bens duráveis são destaques

Bens duráveis e de capital foram destaques entre as grandes categorias econômicas da produção industrial em julho, com um crescimento de 42% frente a junho. No ano, porém, ainda acumula perdas de 33,8%.

Já a produção de bens de capital avançou 15% na passagem de junho para julho, também contribuindo para a alta da indústria geral no mês.

No caso de bens de consumo semiduráveis e os não duráveis, a alta foi mais modesta, de 4,7% em julho ante junho. No acumulado do ano, a categoria recua agora 9,4%.

Já os bens intermediários (usados para produção de outros bens) cresceram 8,4% em julho, na comparação ao mês anterior. Essa categoria, de maior peso na pesquisa do IBGE, acumula agora perda de 5,3% no ano.

Automóveis, metalurgia e setor extrativo em alta

Das 26 atividades industriais pesquisadas, 25 tiveram aumento de produção em julho na comparação ao mês anterior. As altas na produção de veículos, de produtos metalúrgicos e no setor extrativo foram as principais influências.

A produção de veículos automotores, reboques e carrocerias avançou 43,9% em julho, frente a junho. Na comparação a julho do ano passado, porém, a atividade ainda recua 34,7%. Como as demais atividades industriais, as montadoras seguem em seu ciclo de retomada gradual com a flexibilização do isolamento social.

Já a produção das metalúrgicas apresentou alta de 18,7% de junho para julho, com ajuste sazonal, segundo a pesquisa do IBGE. Na comparação a julho do ano passado ainda recua 11,2%.

Outros destaques positivos na produção foram as atividades da indústria extrativa (+6,7%), máquinas e equipamentos (14,2%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,8%) e produtos alimentícios (2,2%),

O único resultado negativo no mês foi o ramo de impressão e reprodução de gravações, com queda de 40,6%. A atividade havia registrado expansão de 77,1% em junho, quando interrompeu dois meses de perda.

Produção permanece 6% abaixo do nível de fevereiro

A produção da indústria brasileira permanece 6% abaixo de fevereiro deste ano, o mês que antecedeu os decretos de isolamento social, provocando uma onda de paralisações e férias coletivas nas fábricas pelo país. O crescimento de julho foi insuficiente para eliminar as perdas acumuladas de 27% em março e abril deste ano, quando ocorreu o choque inicial da pandemia.

“É um crescimento grande, mas sobre um nível bastante baixo. A fotografia do setor industrial em julho mostra uma recuperação importante frente a algo que havia perdido em março e abril, mas ainda insuficiente para eliminar as perdas”, disse André Macedo, gerente da Coordenação da Indústria do IBGE.

Entre as atividades que ilustram esse movimento estão as montadoras. Apesar da alta em julho, a produção de veículos automotores, reboques e carrocerias permanece 32,9% abaixo do medido em fevereiro deste ano, mês que antecedeu a pandemia.

Entre as atividades ainda distantes da produção verificada em fevereiro são confecção de artigos de vestuário (recuo de 38,7%), couro e artigos de viagem (queda de 30,7%), impressão e gravações (redução 23,3%), produtos têxteis (contração 11,7%) e metalurgia (diminuição de 10,6%).


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