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26 de Janeiro de 2018 – 02h01 horas / Diário Digital

A liberação do tráfego de carretas bitrem no trecho da Ruta Nacional nº 5 – entre a cidade de Pedro Juan Caballero até o porto de Concepcion – feita pelo governo paraguaio na semana passada, potencializa as operações de exportação de soja pela hidrovia Paraguai-Paraná e viabiliza a nova rota de exportação da soja do Centro-Oeste brasileiro para a Argentina. A análise é do secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar de Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck. Ele observa que Concepción passa a ser uma alternativa importante para o caso de Porto Murtinho superar a capacidade de embarque.

 

A Resolução 74 do Ministério de Obras Públicas e Comunicação do Paraguai liberando o tráfego de carretas bitrem naquele trecho de aproximadamente 220 quilômetros da Ruta 5 foi publicada no dia 17 de janeiro. A nova estrutura do porto será inaugurada dia 20 de fevereiro e pode atrair um fluxo de até 200 carretas bitrem por dia no período de safra para transportar a produção que será embarcada em direção ao Porto de Rosario, na Argentina.

 

O tráfego de bitrem era proibido em todo território paraguaio até então devido ao impacto que esses veículos poderiam causar na malha viária. O bitrem autorizado no Paraguai é uma combinação de veículos de carga composta por mais de seis eixos, o que permite o transporte de um peso bruto total combinado de 60 toneladas distribuídas de maneira uniforme por todos os eixos. Desta forma o impacto na malha viária não seria significativo. A autorização é em caráter experimental para a próxima safra e se restringe ao transporte de cargas do Brasil até o Porto de Concepción e no sentido contrário. Está vedado o carregamento de bitrens em outros pontos do Paraguai.

 

Jaime Verruck comemorou a decisão do governo paraguaio, lembrando que desta forma está consolidada uma alternativa interessante para exportação dos produtos agrícolas de Mato Grosso do Sul. O porto de Porto Murtinho – localizado a 470 quilômetros de Concepcion, subindo o rio Paraguai – continua sendo a principal porta de saída, mas sinaliza que vai operar com capacidade máxima neste ano. Durante 2017 foram embarcadas 185 mil toneladas de soja (fora o açúcar) via Porto Murtinho e para 2018 já foi contratado o transporte de 250 mil toneladas, entre soja e açúcar. “É mais ou menos a capacidade total do porto”, afirma o secretário.

 

Por essa razão, o porto de Concepcion se tornou um reforço importante, embora o governo já tenha se adiantado ao problema e planeja intervenções em Porto Murtinho. “Aquela opção logística de se criar uma zona especial de exportação deu certo. Hoje, claramente já está sinalizada a necessidade de investimentos em Porto Murtinho, principalmente na área de armazenagem”, afirma.

 

Negociações

As negociações para viabilizar as exportações sul-mato-grossenses pela Hidrovia Paraguai-Paraná com embarques em Concepcion se desenrolam desde meados de 2016. Uma delegação de autoridades e empresários paraguaios esteve em Campo Grande no dia 22 de junho daquele ano tratando do assunto.

 

Jaime Verruck recebeu em seu gabinete a comitiva paraguaia e encaminhou as medidas necessárias para viabilizar o acordo. “Na época já alertamos que o Porto de Concepcion não se viabilizaria se não pudesse levar a soja com caminhões bitrens. Ele não conseguiria ser uma alternativa rentável porque a ideia de Concepción é ser uma opção aos portos de Paranaguá e Santos. E nesse caso é preciso haver competitividade, tem que ser interessante para o produtor, senão ele vai continuar utilizando os outros portos”, disse Jaime Verruck.

 

Representantes do governo e do setor empresarial de Mato Grosso do Sul participaram de outras reuniões para encaminhar a questão, até que a solução definitiva surgiu, viabilizando o trânsito da produção brasileira rumo ao porto de Concepcion e também a rota no sentido contrário. O bitrem pode voltar carregado do Porto para o Brasil, o que não pode é pegar frete na metade do caminho.


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