A sigla ESG resume três preocupações fundamentais para as empresas de hoje: Environmental (ambiental), Social (social) and Governance (governança). Esses desafios não são novos, porém agora estão todos sob o mesmo guarda-chuva dessa sigla que atrai os olhares de investidores.
Há algum tempo, discussões em torno das questões ambientais, sociais e de governança ganham espaço no mercado, porém eram tratadas de forma separadas ou com distribuição de atenção diferente. Ora uma era a pauta quente do momento, ora outra. No ESG, os três atributos são fundamentais e isso seria a inovação da sigla.
O objetivo continua – o da sustentabilidade do negócio –, a mudança que acontece, então, é essa integração de todos os fatores debaixo desse “guarda-chuva”.
O que é ESG?
De forma muito objetiva, podemos dizer que ESG é uma sigla que define os investimentos que priorizam a sustentabilidade de um negócio, baseada em critérios ambientais, sociais e de governança. Como foi explicado, falar em desenvolvimento sustentável não é exatamente novo – o conceito de “desenvolvimento sustentável” teria sido cunhado pela ex-premiê da Noruega Gro Harlem Brundtland –, mas o que as três letras trazem são esses atributos reunidos e que são levados, de maneira conjunta, em consideração pelo mercado investidor.
Falar em ESG passa pelo entendimento de que uma empresa, para ter perenidade, não basta apenas gerar lucros às custas da exploração desenfreada de recursos naturais, por exemplo. Os recursos naturais são finitos, portanto, precisam ser preservados para garantir não só a sobrevivência das próximas gerações, mas, inclusive, da própria empresa.
Da mesma forma, não é possível falar em sustentabilidade de uma empresa sem falar sobre capital humano ou compliance. Detalharemos todos esses atributos na sequência.
Como funcionam os elementos do ESG?
Há quem aponte 2005 como o ano de nascimento da sigla, quando é lançado o relatório “Who Cares Wins”, uma iniciativa de instituições financeiras de diferentes países junto à ONU. Nele, os resultados ambientais, sociais e de governança foram considerados essenciais para o desenvolvimento sustentável das nações e do mercado.
Nomes como o de Larry Fink, CEO global da maior gestora de recursos do mundo BlackRock, são associados ao fortalecimento desse tripé, mas, independentemente de sua origem, queremos detalhar aqui um pouco cada letra que compõe a sigla.
Environmental (critérios ambientais)
A dimensão ambiental do conceito diz respeito às práticas voltadas para o uso sustentável dos recursos. Além disso, contempla as iniciativas voltadas para preservação e recuperação de florestas, águas, animais, biodiversidade, ar etc.
Temas atuais, nesse sentido, são as emissões de carbono e o aquecimento global, a busca por fontes de energia renováveis e a adoção de materiais biodegradáveis. É um assunto que evolui bastante à medida que muitos consumidores veem o valor agregado da sustentabilidade, dispondo-se a pagar mais por produtos e serviços com menor impacto ambiental.
Em relação aos stakeholders, as iniciativas contemplam principalmente os interesses da sociedade em geral. Como dito, até mesmo as futuras gerações passam a compartilhar do valor gerado pela organização, que ajuda a manter as condições necessárias para existência da comunidade.
Social (critérios sociais)
A dimensão social trata da relação de uma empresa com as pessoas que fazem parte do seu universo. Indica as atitudes tanto no campo da responsabilidade social quanto no da valorização do capital humano, considerando aqueles que trabalham na empresa, os clientes e a sociedade de forma geral. Ou seja, trabalhamos tanto as relações com o público externo como a construção de um ambiente saudável para os colaboradores.
Internamente, as empresas devem adotar uma postura mais humanizada. O colaborador deixa de ser um recurso, que pode ser esgotado e descartado, e torna-se um parceiro da empresa, que também deve ter os objetivos, desejos e necessidades valorizados.
Ademais, questões sociais como participação das mulheres no mercado de trabalho, respeito às diferenças entre as pessoas, inclusão e diversidades, melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores, entre outras, ganham espaço na gestão de pessoas. A ideia é promover um ambiente com respeito, confiança, lealdade, justiça e camaradagem para todos.
Externamente, as organizações se engajam em projetos para incentivar atividades econômicas e sociais. Respeito aos direitos humanos, acesso à educação, saúde e cultura, compartilhamento dos valores organizacionais com a sociedade e diversas outras questões entram para a lista de prioridades das empresas.
Governance (critérios de governança)
A forma como a empresa é administrada e estabelece suas relações com as partes interessadas é a terceira dimensão do ESG. Nela, tópicos como cumprimento da legislação, combate à corrupção, respeito à privacidade, honestidade nos contratos e transparência com acionistas são discutidos no mais alto grau de importância nas organizações.
Essas diretrizes de cima funcionam como uma moldura para as demais atividades da empresa. As pessoas não perdem a liberdade e autonomia para criar, inovar e trabalhar, mas só podem fazer isso nos limites fixados. Por exemplo, por mais inovador que seja um projeto, ele só pode prosseguir dentro de diretrizes, como honestidade e respeito às leis. O básico da ética empresarial.
Vale reforçar mais uma vez que a sigla ESG olha para os critérios ambientais, sociais e de governança de maneira integrada. Por exemplo, o respeito às leis ambientais começa, muitas vezes, por diretrizes de governança claras e engajamento dos colaboradores. Em síntese, um critério influencia os resultados do outro e não é possível sustentar esse tripé se as bases estiverem desiguais.
voltar