A logística de e-commerce traz desafios tanto para as operações internas da organização como para o processo de entrega em grandes centros urbanos.
Para garantir a satisfação do cliente, há necessidade de investimento em um sistema de informação robusto que garanta visibilidade e rastreabilidade do pedido, bem como para coordenar a disponibilidade de produtos com os fornecedores.
Não dá para oferecer um produto e prometer entregá-lo em dois dias se o controle de materiais não for extremamente eficiente.
Outro desafio é o transporte. Os custos são baixos no transporte quando se trabalha com cargas completas e poucos pontos de parada. No e-commerce é o contrário exige-se entregas fragmentadas em muitos destinos, resultando em fretes com valores mais altos e maior atenção para gerenciamento de rota.
De acordo Priscila de Souza Miguel, coordenadora do Centro de Excelência em Logística e Supply Chain (GVcelog) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP), um outro gargalo para o e-commerce são as devoluções de mercadorias.
“A coleta é mais demorada e depende da embalagem adequada, o que implica mais dificuldade de roteirização dos deslocamentos. Além disso, é necessário receber o produto para autorização de novo envio. Não se trata de uma exigência apenas regulatória (por lei, o cliente que compra on-line pode devolver o produto em até sete dias a partir do recebimento), mas de uma necessidade de garantir um bom serviço e manter a reputação elevada”.
Outro ponto importante a ser considerado, segundo o pesquisador do GVcelog, Paulo Fernandes, é o impacto das entregas em áreas urbanas na qualidade de vida, resultando em maior poluição atmosférica, geração de ruídos e possíveis acidentes nas vias.
“Entre as alternativas para aumentar eficiência das cadeias de distribuição e reduzir os impactos negativos da logística urbana incluem: revisão das políticas públicas de restrição de acesso de veículos de carga; coordenação de ações entre transporte de passageiro (público e privado) e transporte de carga; priorização de uso de via conforme região e horário; estímulo a opções de entrega mais sustentáveis (veículos elétricos, bicicletas); desestímulo do uso de veículo particular(redução de estacionamento, pedágio urbano, malha de transporte público); e revisão de política de uso de solo para facilitar acesso a bens e serviços (reduzindo deslocamentos e viagens)”.
Os pesquisadores destacam ainda que são muitos os desafios para quem pretende ter o canal online como alternativa na distribuição. Para superar os obstáculos e alavancar o negócio, as empresas devem evitar adaptar suas logística tradicional para o comércio eletrônico e pensar em uma nova estratégia, planejando e configurando seus processos.
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