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29 de Janeiro de 2019 – 17h05 horas / DCI

Os recursos e serviços disponibilizados pela prefeitura de São Paulo para manutenção de pontes e viadutos não são suficientes para manter o bom funcionamento e segurança das vias. Dos 33 elevados que merecem mais atenção em relação as estruturas, só 8 tiveram vistorias emergenciais aprovadas pelo Tribunal de Contas do Município, com tempo de espera de 120 dias.

 

Segundo a administração municipal, as vias que vão receber inspeções de emergência são a Ponte da Casa Verde, a Ponte Jânio Quadros (antiga Vila Maria), a Ponte das Bandeiras, a Ponte da Freguesia do Ó e a Ponte Cruzeiro do Sul, todas na Zona Norte. Além destas, a Ponte Tatuapé, na Zona Leste, e a Ponte Presidente Dutra via expressa e a de acesso marginal.

 

Professor de engenharia civil da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Eduardo Deguiara explica que os elevados, geralmente, ficam de 30 a 40 anos sem vistorias preventivas, o que aumenta muito os custos de inspeções e reformas de emergência. Das oito pontes com inspeções, a Jânio Quadros é a mais recente, de 1992.

 

Segundo o especialista, os serviços aprovados pela máquina municipal suprem mais a demanda de recuperação do que foi deteriorado do que de preservação. “As reformas são caras e, muitas vezes, não são feitas direito. A Ponte Jânio Quadros, por exemplo, foi reparada há alguns anos. No entanto, o serviço foi tão malfeito que ela está entre as obras emergenciais novamente”, lamenta Deguiara.

 

Além da falta de recursos para reformas e da ausência de manutenção, o professor explicou ao DCI que as pontes paulistanas não foram construídas de forma que facilite obras e reajustes para garantir a segurança.

 

Para ele, as construções deveriam ter sido projetadas para que em cada 5 anos (tempo mínimo ideal para inspeções), elas pudessem ser levantadas e ter seus apoios renovados, evitando infiltração e fissuras, o que não corresponde à realidade atual.

 

Para o diretor do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco), Gilberto Giuzio, a cultura de efetuar manutenção preventiva em pontes e rodovias ainda é fraca. A entidade elabora estudos anuais sobre as condições dos elevados em São Paulo.

 

A inspeção realizada pelo Sinaenco é feita de forma visual e os dados, que são coletados em cerca de dois dias, servem como um panorama geral das vias da cidade, explica o diretor. Segundo ele, mesmo antes do desabamento da pista expressa da Marginal Pinheiros, no dia 15 de novembro de 2018, a prefeitura já estava aumentando o número de licitações de vistorias de elevados.

 

Devido ao grande número de viadutos comprometidos e aos custos elevados, a prefeitura precisou escolher as situações mais graves para dar prioridade, explica o diretor. Para ele, ainda é incerto apontar uma solução que possibilite a reforma das 33 pontes sem demandar muito dos recursos públicos.

 

“Se tivesse um modelo administrativo como o de estradas, por exemplo, em que as concessionárias tomam as decisões e arcam com as despesas, as manutenções de pontes poderiam ser melhores. Mas, neste caso, poderia envolver a cobrança de pedágios”, diz Giuzio. Na quinta-feira (24), a pista expressa da Marginal Tietê foi interditada devido ao rompimento da viga de apoio de um dos pilares da ponte Presidente Dutra, que dá acesso a rodovia. O problema foi semelhante ao da Marginal Pinheiros.


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