De linhas políticas e formações distintas, Avelleda e Octaviano, segundo bastidores da prefeitura, discordaram em vários pontos durante a gestão Doria. Mas agora, o ex-presidente da CET vai ter de dar continuidade a muitas ações já iniciadas pelo ex-secretário Avelleda, atual chefe de gabinete do novo prefeito Bruno Covas, que assumiu na última sexta-feira (6), o paço paulistano após João Doria deixar o cargo para tentar a cadeira de governador.
Um dos maiores desafios é a licitação do sistema de ônibus da cidade: um pesadelo e um sonho para qualquer gestor.
O tamanho surpreende: são 14,5 mil ônibus e 9,5 milhões de passageiros por dia (contando com as integrações com os transportes sobre trilhos). Pelas minutas lançadas ainda por Avelleda, em 21 de dezembro do ano passado para consulta pública, os contratos devem ser de R$ 66 bilhões por 20 anos.
A licitação dos ônibus em São Paulo assusta. Não só pelos seus números, mas pelos interesses (em todas suas conotações) que envolve: população, políticos, formadores de opinião, empresários, fabricantes de ônibus, equipamentos, peças, desenvolvedores de sistemas de bilhetagem… Todos de olho na maior disputa do setor em todo o mundo. Há toda uma imensa cadeia, além dos R$ 66 bilhões.
Octaviano disse ao Diário do Transporte, nesta segunda-feira (9), logo após a apresentação do novo secretariado pelo prefeito Bruno Covas, que a disponibilização dos editais definitivos continua prevista para 16 de abril de 2018. Octaviano falou ainda que, frente à pasta, vai “seguir uma boa política que vinha sendo conduzida pelo Sergio Avelleda”.
O novo secretário de Mobilidade e Transportes tem mais proximidade com o presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, cuja influência no setor de transportes é bastante grande.
Milton Leite tem livre trânsito entre os operadores de ônibus, em especial do subsistema local, atendido pelas empresas que surgiram das cooperativas.
Octaviano disse que todos os diálogos sobre a licitação já foram conduzidos pelo ex-secretário Sergio Avelleda e que agora é o momento de dar os últimos ajustes aos editais.
O novo chefe da pasta de mobilidade também falou que dará sequência aos trabalhos em conjunto com o secretário municipal de Desestatização e Parcerias, Wilson Poit, (mantido por Bruno Covas) para concessão à iniciativa privada da gestão do Bilhete Único e dos terminais municipais de ônibus.
Diário do Transporte: Ser secretário de Mobilidade e Transportes da cidade de São Paulo é um grande desafio?
Octaviano: É um desafio, mas ele vem dentro da sequência de um trabalho estruturado desde o começo do governo do Prefeito João Dória e, como bem colocou o prefeito Bruno Covas, é uma continuidade, uma mesma rota, uma mesma estrutura e que nós vamos seguir uma boa política que vinha sendo conduzida pelo Sérgio Avelleda.
As datas para o dia 16 de abril do edital e, depois, as entregas de propostas entre 11, 12 e 13 de junho estão mantidas?
Estão mantidas. O edital está colocado, agora nós vamos trabalhar para concluir essas alterações que foram sugeridas na consulta pública e no dia 16 nós vamos apresentar a publicação do edital. A partir do dia 16, ele é disponibilizado.
Na sua visão, qual o maior entrave hoje da mobilidade em São Paulo?
O que eu acredito é que a gente precisa ter muito claramente essa nova matriz de mobilidade na cidade, considerando o crescimento do modal bicicleta, adequando melhor a questão dos modais para o pedestre. O pedestre precisa ter mais um olhar a respeito dessas questões das políticas públicas e também as questões que envolvem toda a parte do transporte sobre pneus e, obviamente, a gente continuar com o trabalho de fiscalização que é a engenharia e educação que a CET vem fazendo.
Confira a entrevista completa clicando aqui.
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