IPCA-15 de agosto deve ficar perto de -1%, aponta economista da FGV
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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), a prévia da inflação do mês, deve ficar perto de -1% em agosto, no comparativo com o mês anterior. É o que projeta André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre).

O número oficial do IPCA-15 será divulgado pelo IBGE às 9h desta quarta-feira (24). Segundo dados da plataforma Investig.com, o mercado projeta um IPCA-15 negativo, de -0,81%.

Nesta terça-feira (23), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que espera uma inflação abaixo de 6,5% neste ano. A afirmação foi feita durante durante uma apresentação no XVIII International Investment Seminar, promovido pelo Moneda Asset Management.

Campos Neto também avaliou que será “muito difícil”, em 2023, trazer o IPCA para dentro da meta de 3,25%.

Após uma deflação de 0,68% em julho, segundo Braz, a medição do IBGE deve ser novamente impactada pela queda nos preços dos combustíveis. As contas do economista apontam uma redução de 16,91% no valor da gasolina e de 10,69% no etanol.

A gasolina sofreu três diminuições de preço pela Petrobras em cerca de um mês, sendo que a última delas começou a valer para as refinarias na última semana. A primeira foi de R$ 4,06 para R$ 3,86 no dia 20 de julho; a segunda, de R$ 3,86 para R$ 3,71 no último dia 29; e, no último dia 16, de R$ 3,71 para R$ 3,53.

A gasolina, assim como o etanol, ainda registra os impactos da redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), com a limitação da alíquota por meio de uma lei nacional. A redução do tributo também tem impactos pelo segundo mês seguido na energia elétrica, com uma redução de 3,92%, segundo André Braz.

Com esses efeitos, entre os nove grupos de mercadorias e serviços avaliados pelo IBGE, o economista prevê -5,41% em transportes e -0,62% em habitação. Também deve registrar queda o grupo de comunicação, com -0,43%.

Já vestuário (0,45%), artigos de residência (0,29%), saúde e cuidados pessoais (0,66%), despesas pessoais (0,40%) e educação (0,05%) devem registrar aumentos, assim como alimentação e bebidas, que soma a maior alta, de 0,91%, apesar de já mostrar uma desaceleração.

Braz destaca que o IPCA-15 ainda vai colher impactos vistos no mês de julho. Ele acredita que a inflação do mês cheio de agosto será negativa, porém com menor recuo de preços.

“Na direção do final do mês, esses movimentos de gasolina e energia perdem um pouco o efeito, quer dizer, a contribuição deles para o índice diminui. […] Até porque surgiram alguns reajustes de energia em algumas cidades do país, que diminuem o benefício da redução de ICMS”, avalia.

Para o economista, os brasileiros com renda mais baixa ainda seguem sendo os mais impactados pela alta nos preços.

“Apesar do número vir mais negativo do que na última apuração, muita gente ainda sente a carestia dos alimentos. Outras coisas, como bens duráveis, máquinas de lavar, geladeira, fogão, carro estão com aumento de preço. Tem muita coisa inflacionada, que subiu bastante e ainda pressiona o resultado do índice. O rico que gasta mais com gasolina, energia, é que vai continuar colhendo os benefícios dessa inflação negativa. O mais pobre, que concentra o gasto em alimentos, não tem muito espaço para perceber isso”, avalia.


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