Acidentes rodoviários decorrem de vários fatores. Entretanto os relatórios policiais costumam apontar o humano, ou a imprudência do motorista, como a principal causa dos episódios. O estudo “Acidentes Rodoviários e a Infraestrutura”, divulgado na última semana pela CNT (Confederação Nacional do Transporte), aponta as principais variáveis (humanas, veiculares, viárias, institucionais/sociais, socioeconômicas e ambientais) que justificam um acidente e ressalta: carências na infraestrutura são causas determinantes na ocorrência de mortes e acidentes em rodovias federais.
O trabalho relaciona as características da infraestrutura viária apresentadas na Pesquisa CNT de Rodovias (estado geral, sinalização, pavimento e geometria da via) com os acidentes com vítimas registrados pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) em rodovias federais. Segundo a Confederação, a insegurança causada pelas condições precárias da infraestrutura pode estar associada a problemas de geometria da via (falhas no projeto ou na adequação da capacidade), sinalização (inexistência ou informação incorreta devido a problemas de implantação e de manutenção) e ao estado do pavimento.
“Placas em posição errada, faixas inexistentes, curvas acentuadas com problemas de superelevação, falta de placas de advertência antes das curvas e de dispositivos auxiliares de contenção, ausência de placas de limite de velocidade e falta de acostamento são alguns dos fatores que podem contribuir significativamente para que acidentes ocorram”, explica Bruno Batista, diretor-executivo da CNT.
De acordo com o trabalho, o fator humano está associado ao comportamento do indivíduo no trânsito, enquanto condutor ou pedestre. Como exemplos podem ser citados o desrespeito às normas de trânsito, o consumo de bebidas alcoólicas, a não sinalização ao realizar manobras, a realização de travessias de vias em locais impróprios, o uso de telefones celulares no momento da direção.
Já o fator veicular está associado a problemas no desempenho dos veículos envolvidos no acidente, em geral, diretamente relacionados a um mau estado de conservação de pneus, problemas de freio, faróis desregulados, entre outros.
Para o fator institucional/social, destacam-se os treinamentos potencialmente falhos oferecidos aos condutores habilitados no Brasil, a sensação de impunidade e a ausência de policiamento nas vias (fiscalização).
Fatores socioeconômicos também são apontados como causas de acidentes, uma vez que podem influenciar o aumento do fluxo de veículos associados a impossibilidade de grandes investimentos para a melhoria da estrutura viária em rodovias, o modo de direção e a falta geral de priorização do problema pelos órgãos governamentais.
Por último, a Confederação considera que situações ambientais severas, como chuva ou neblina, podem potencializar a ocorrência de acidentes uma vez que afetam a visibilidade do motorista.
“Ainda que haja falha humana, a rodovia deve apresentar estrutura capaz de permitir que o motorista se recupere do evento e prossiga de forma segura, modificando a consequência da sua atitude ou, caso seja impossível a reversão total da situação, que ao menos ele reduza a gravidade do acidente”, conclui Batista.
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