Estudo elaborado pelo Departamento de Custos Operacionais e Pesquisas Técnicas e Econômicas (Decope), da NTC&Logística, mostra que 2021 registrou os maiores índices de inflação média dos últimos anos no transporte. Em outras palavras, no acumulado dos últimos 12 meses, o segmento de carga lotação (INCTL) alcançou inflação média de 27,65%.
Do mesmo modo, em igual período, a inflação no transporte de cargas fracionadas (INCTF) chegou a 18,58%. Nesse sentido, contribuiu de forma significativa os aumentos dos principais insumos utilizados no setor. O impacto no segmento de carga lotação foi maior em razão de ser uma categoria que utiliza caminhões maiores. Logo, depende mais do diesel.
O combustível fóssil é considerado o maior vilão dessa alta nos custos das transportadoras. Ao longo dos últimos 12 meses, o preço do litro do diesel apresentou alta de 49,4%. Para se ter uma ideia, conforme apontou a pesquisa, em uma operação com um bitrem, que roda 12 mil km por mês, o diesel representa 50% do custo.
Todos os insumos de transporte aumentaram
Ademais, outros importantes insumos utilizados pelo setor tiveram reajustes ao longo do ano passado. E também contribuíram para a alta inflação no segmento. Entre eles, o aditivo Arla 32 registrou o maior aumento, de 51,35%. Porém, proporcionalmente não impactou tanto como o óleo diesel.
Além disso, os preços dos veículos tiveram reajuste médio de 37%. Muito em razão da alta do aço de quase 100%. Mas a crise no abastecimento de peças colabora para a alta no valor dos veículos comerciais. Incluindo os usados. Nesse sentido, o maior impacto ocorreu no segmento de caminhões leves, com reajuste na ordem de 59%.
A mão de obra teve o menor reajuste. Em média de 8% relacionados ao dissídio. Mas na junção também trouxe impactos para o transporte de carga.
Seja como for, a inflação apresentada no transporte lotação é a maior registrada desde 2003. Período em que a NTC criou esse índice. Do mesmo modo, no transporte de carga fracionada, o valor também é histórico. Ou seja, o maior dos últimos 25 anos. Superado apenas pelos números iniciais de 1995.
“Vale ressaltar que este percentual se refere apenas à inflação dos últimos 12 meses. Ou seja, não reflete a defasagem do frete. Que mesmo que tenha sido aumentado, não acompanhou as altas dos custos”, diz o assessor técnico da NTC&Logística, Lauro Valdivia.
Frete defasado
Em contrapartida, paralelamente a esse cenário, o frete teve uma defasagem de 13,3%. Em outras palavras, os aumentos foram tão altos nos últimos 12 meses, que nem o reajuste do frete dos últimos dois anos de pandemia conseguiu cobrir.
Dessa forma, esses aumentos dos custos acabaram sendo absorvidos pelo transportador.
De acordo com as 250 transportadoras de carga fracionada e lotação pesquisadas pelo departamento da NTC, apenas 5% conseguiram repassar integralmente os aumentos.
“É muito difícil para o transportador conseguir repassar todos esses aumentos de uma só vez. Sobretudo, o do diesel que teve constantes aumentos. E nenhum contrato é negociado com a mesma volatilidade. Porém, a tendência é que a médio prazo esses custos sejam repassados, porque senão a conta não fecha”, diz Valdivia.
Sem estabilidade, transporte pode ficar mais caro em 2022
Ademais, o assessor técnico da NTC, afirma que as incertezas decorrentes da pandemia, além do momento conturbado da economia resultando na alta dos juros, aumento do dólar em relação ao real etc, já dão sinais que a inflação continuará em alta.
“Além disso, persiste a condição em que muitos transportadores não conseguiram reajustar seus fretes adequadamente. Assim comprometendo o caixa das empresas. As empresas já vem enxugando tudo que podiam nos últimos dois anos. O certo seria que medidas fossem tomadas a fim de controlar o aumento desses insumos. Algo que não está ocorrendo”, avalia Valdivia.
Segundo a NTC, o transportador terá de negociar com o embarcador o repasse da inflação do período. Bem como as defasagens anteriores, a fim de manter o equilíbrio de seus contratos.
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