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16 de Maio de 2018 – 15h53 horas / DCI

O Indicador Antecedente Composto da Economia (IACE), divulgado na terça-feira (15), caiu 0,8% em abril ante março, para 116,9 pontos, após nove meses seguidos de alta. O índice agrega oito componentes econômicos que medem a atividade econômica no Brasil.

 

Das oito séries componentes, cinco contribuíram para a queda do indicador, calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) e pelo The Conference Board, sendo elas: os Índices de Expectativas da Indústria, de Serviços, do Consumidor, o Índice de produção física de bens de consumo duráveis e o Índice de termos de troca.

 

Já as séries compostas pelo Ibovespa e pela taxa referencial de swaps DI pré-fixadas apresentaram elevação devido principalmente às expectativas dos setores em relação a inflação futura.

 

O recuo do IACE no mês de abril foi influenciado, conforme o pesquisador do Ibre/FGV, Paulo Picchetti, pela frustração em relação ao lento ritmo de retomada da economia. “Após nove meses de altas seguidas, o IACE recuou em abril com os componentes de expectativas captando o sentimento de frustração em relação ao ritmo da retomada econômica”, comenta Pichchetti.

 

Diante disso, o pesquisador admite que aumentou levemente a chance de reversão do ciclo de recuperação econômica do país. “Somando este resultado à quarta queda consecutiva do Indicador Coincidente Composto da Economia (ICCE), a probabilidade associada a uma reversão do ciclo elevou-se ligeiramente. Por enquanto, um crescimento da atividade ao longo do ano continua a ser esperado, mas em menor intensidade”, afirma Picchetti. “A recuperação econômica realmente está se dando em ritmo mais lento do que se imaginava no início do ano, mas essa lentidão ainda não está associada a uma probabilidade de entrarmos em nova recessão”.

 

Para o professor de Macroeconomia da Faculdade Fipecafi, Silvio Paixão, a baixa expectativa dos diversos setores avaliados pelo indicador gera impactos na economia brasileira. “Com esse cenário, será possível observar uma queda na propensão do empresário a investir, um recuo na arrecadação, o que acarreta maior déficit fiscal, e uma insegurança institucional sobre o futuro econômico do País, dada a indefinição eleitoral e a falta de clareza dos projetos de governo dos possíveis candidatos”, explica ao DCI.

 

Ainda segundo o professor, a possibilidade de uma nova recessão não pode ser inteiramente descartada. “O risco existe, mas depende do que acontecerá a partir de 2019, com as medidas do novo governo”, pondera.

 

Os resultados da pesquisa também mostram que o Indicador Coincidente Composto da Economia (ICCE) do Brasil, que mensura as condições econômicas atuais, também apresentou recuo, de -0,2%, no mesmo período, atingindo 101,3 pontos.

 

Segundo o Ibre/FGV, esses componentes vêm se mostrando individualmente eficientes em antecipar tendências econômicas. “A agregação dos indicadores individuais em um índice composto filtra os chamados 'ruídos', colaborando para que a tendência econômica efetiva seja revelada”, informa a nota divulgada ontem pela instituição.

 

Decisão do Copom

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), reunido desde ontem, deverá anunciar hoje a decisão sobre a definição da taxa básica de juros, a Selic.

 

Com a inflação baixa, o mercado financeiro espera pelo último corte na Selic, no atual ciclo de redução. Em março, o Copom reduziu a taxa pela décima segunda vez seguida, de 6,75% para 6,5% ao ano, o menor nível desde o início da série histórica, em 1986.

 

Para realizar o corte, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm nenhum risco de subir.

 

Para o professor Silvio Paixão, uma possível redução da taxa de juros não aumentaria as expectativas em relação à economia do País. “Seja no cenário de manutenção ou queda da Selic, a propensão dos empreendedores a investir deveria ser positiva, mas o que estamos vendo é que mesmo que a taxa caia as expectativas não vão mudar”, afirma.

 

“Os investidores estão preferindo manter-se em uma posição de resguardo. O que poderia mudar as expectativas seria se a queda da taxa Selic fosse transmitida para a taxa de juros do crédito, além de uma definição política. Enquanto isso não ocorrer, não haverá estímulos para os empreendedores”, conclui.

 

Na última reunião do Copom, o Banco Central sinalizou que faria mais uma redução da Selic em maio e encerraria os cortes na taxa. Ao definir a taxa, o BC está mirando na meta de inflação, que é de 4,5% neste ano, com limite inferior de 3% e superior de 6%. Para o próximo ano, a meta é 4,25% com intervalo de tolerância entre 2,75% e 5,75%.


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