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08 de Dezembro de 2015 – 05h02 horas / A Tribuna/SP

A Hidrovia Tietê-Paraná deve retomar suas operações em cerca de três meses, em fevereiro do próximo ano. A informação é do secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim. Segundo ele, houve um sinal positivo de que o Operador Nacional do Sistema (ONS) irá permitir o restabelecimento dos níveis de navegação a partir desse mês.

Uma das principais hidrovias do País, a Tietê-Paraná é estratégica para o Porto de Santos. Ela escoa boa parte da produção agrícola do Interior do Estado e do Centro-Oeste até a Região Metropolitana de São Paulo, de onde segue até o cais santista em composições ferroviárias.


Mas o transporte em seus rios foi suspenso no ano passado, devido à redução da profundidade, consequência da estiagem que atingiu o Sudeste na época. Por causa disso, a água foi destinada, prioritariamente, para hidrelétricas, a fim de garantir a geração de energia elétrica necessária para abastecer a região.


A interrupção atingiu o trecho entre o km 99,5 do reservatório de Três Irmãos e a eclusa de Nova Avanhandava, nos municípios de Andradina (SP) e Buritama (SP), no qual a profundidade está em 1 metro. Para uma navegação segura, conforme o Departamento Hidroviário (DH) do Estado, são necessários 2,2 metros. De acordo com o órgão, é possível que, nessa retomada das operações, se atinjam profundidades de 2,2 a 2,4 metros.


Com o transporte nos rios suspenso, estima-se que, neste ano, oito milhões de toneladas de produtos que seriam escoados pela hidrovia acabaram sendo transportados por rodovias, o que aumentou o custo logístico dessas mercadorias.


Conforme o secretário de Agricultura, o Operador Nacional do Sistema já começou as operações para a transferência de água dos reservatórios localizados à montante de Três Irmãos e Ilha Solteira, para os rios. Esta ação permitirá o restabelecimento do nível necessário da hidrovia para que, até fevereiro, a navegação seja retomada.


No auge da crise, o DH tentou negociar a liberação das águas dos rios que estão nos reservatórios das hidrelétricas paulistas. Mas os pedidos não adiantaram, com o ONS mantendo sua política de priorizar a geração de energia.

Tietê-Paraná


A Hidrovia Tietê-Paraná atende regiões de Goiás, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo. Sua extensão navegável chega a 2,4 mil quilômetros. Destes, apenas 800 quilômetros estão na área paulista, a mais industrializada e desenvolvida do País e onde está o maior porto da América Latina.


Grande parte das cargas que vêm para Santos é embarcada em São Simão (GO) e desembarcada em Pederneiras (SP). Desse ponto, segue de trem até o complexo santista.


Especialistas apontam o transporte hidroviário como o mais limpo e barato da cadeia logística para o deslocamento de cargas a grandes distâncias (mais de 600 quilômetros). A cada mil toneladas deslocadas por quilômetro, são gastos quatro litros de combustível. O consumo aumenta para seis litros quando o modal utilizado é o ferroviário e, para 15 litros, quando se trata do rodoviário.


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