Governo revisa previsão oficial do PIB e estima queda de 4,7% em 2020
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Projeção anterior, do final de março, ainda não apontava retração na atividade neste ano; para 2021, expectativa é de crescimento de 3,2%

Com a atividade impactada pelas medidas de restrição adotadas em função da pandemia, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve apresentar uma queda de 4,70% em 2020, segundo novas projeções do Ministério da Economia.

A estimativa anterior, do dia 20 de março, ainda estava no campo positivo: 0,02%. O dado consta da edição de maio do Boletim MacroFiscal, elaborado pela Secretaria de Política Econômica (SPE). Para 2021, a expectativa agora é de avanço de 3,2%.

As estimativas para a inflação foram alteradas. Para o IPCA, a estimativa é de 1,77%, ante 3,12% estimados em março. O INPC recuou para 2,45%, (era 3,28% em março). Já o IGP-DI foi para 4,49%, ante 3,66% em março. Para 2021, as projeções são de 3,30%, 3,50% e 4%, respectivamente.

Segundo o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, a projeção de queda de 4,7% para o PIB brasileiro neste ano está em linha com as estimativas de mercado. A mais recente edição do boletim Focus, do Banco Central, traz projeção do mercado de queda de 4,1%.

O número, disse o secretário, é “rico informacionalmente e tem modelagem robusta”. No entanto, há “alta imprevisibilidade no cenário.” O modelo de projeção da SPE considera dados como notas fiscais, que outros modelos não possuem.

A nova projeção de PIB será considerada para estimativas de dados fiscais, a serem divulgadas na próxima sexta-feira. “O impacto da variável PIB sobre dados fiscais será claramente sentido”, afirmou o secretário. Ele adiantou que os dados sobre déficits fiscais tendem a aumentar e disse que a projeção do mercado que sugere uma resultado primário negativo de R$ 571 bilhões em 2020 está defasada.

Segundo Waldery, os gastos fiscais no Brasil para combater os efeitos da pandemia estão estimados em 5% do PIB. “O esforço é para que gasto não seja estendido por outros anos”, afirmou o secretário. Ele ressaltou que a agenda de reformas não pode ser comprometida. Com maiores despesas, a dívida bruta está estimada em cerca de 85% do PIB.

“Temos posição de assertividade de governo em agir, mas sem necessariamente aumentar o gasto”, afirmou. “Nosso orçamento tem que comportar demandas da nação; estamos tratando disso com bastante ênfase.”

Crise inédita

A imprevisibilidade citada pelo secretário foi detalhada em avaliação feita pelo Ministério da Economia em nota. O documento destaca que o ineditismo da crise que vivemos impõe desafios adicionais para se projetar a evolução da atividade econômica tanto no curto, quanto no longo prazo.

“De um lado, o crescimento passou a depender fundamentalmente da evolução de uma crise sanitária global que ainda suscita muita incerteza. De outro, a paralisação de algumas atividades em magnitude nunca observada dificulta a estimação de cenários prospectivos em diversas frentes, em especial no mercado de trabalho e na saúde financeira das empresas”, diz nota divulgada há pouco, antes da grade de parâmetros. “Soma-se a este ambiente de incerteza o risco de que medidas fiscais necessárias no curto prazo se tornem um problema no longo prazo”, acrescenta o texto.

A avaliação considera três dimensões: o impacto imediato diante das restrições à produção e ao consumo, a duração do período de recuperação e os impactos sobre a trajetória de longo prazo da economia.

“Quanto mais longo o período de isolamento, maiores serão os custos nessas três dimensões”, destaca o documento.

Cálculos apresentados pelo Ministério da Economia estimam que a paralisação da atividade em função da quarentena custa R$ 20 bilhões por semana. O secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, negou, porém, que a avaliação tenha conotação de crítica ao isolamento.

“Precisávamos fazer estimativa sobre impacto de isolamento social para calcular o PIB”, justificou.


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