Frota maior deve segurar fretes no 2º semestre
Compartilhe

“A Petrobras trabalha seguindo os preços internacionais e a desvalorização do brent nas últimas semanas vai se refletir no próximo reajuste. Caso contrário, vai favorecer a importação e a companhia vai perder mercado”, avalia o diretor da área de petróleo da INTL FCStone do Brasil, Tadeu Silva.

De acordo com o especialista, o preço da commodity acumula mais de 10% de desvalorização desde o início de agosto. “A estagnação da demanda global, a escalada da guerra comercial e o rápido aumento de produção de petróleo nos EUA fazem com que essa tendência de desvalorização se mantenha nos próximos meses.”

Silva calcula que os preços de combustíveis devem ser reduzidos nas refinarias na ordem de R$ 0,0895 por litro de gasolina e R$ 0,102 por litro de diesel. “Se o dólar tivesse se mantido no patamar de R$ 3,75, o reajuste poderia ser maior, chegando por volta de 20 centavos”.

Também em função do ambiente econômico externo, com a crescente tensão comercial entre China e EUA, houve uma significativa desvalorização do real ante ao dólar desde o final de julho. “O câmbio reduz a intensidade da queda do preço dos combustíveis. Mas ainda predomina a desvalorização do petróleo”, explica Silva.

Ele entende que a tendência de baixa do petróleo só seria invertida em caso de mudanças geopolíticas de impacto. “Teria que ocorrer algum aprofundamento da crise no Oriente Médio ou alguma sinalização de melhora nas relações entre EUA e China”.

A Petrobras realiza os reajustes de preços de diesel e gasolina sem periodicidade definida, de acordo com as condições de mercado e da análise do ambiente externo.

Na última terça-feira (6) a estatal anunciou a manutenção dos preços (R$ 1,7115 o litro de gasolina e R$ 2,0962 o litro do diesel). A última alteração ocorreu em 31 de julho, quando houve aumento de 3,99%. “A Petrobras costuma alterar o preço entre sete a quinze dias, de forma que essa redução pode ocorrer a qualquer momento”, acredita Silva.

Caso a estatal opte por não fazer o corte de preços, corre o risco de perder ainda mais seu espaço para importações no mercado de combustíveis. Dados da própria empresa demonstram que o market share caiu de 84% para 80% na gasolina e se manteve estagnado em 83% no diesel entre o segundo trimestre de 2018 e o mesmo período de 2019.

Redução de custos

A Petrobras está trabalhando para reduzir custos e se preparar para possíveis cenários de preços globais do petróleo na casa dos US$ 50 por barril, afirmou na sexta-feira (9) o presidente da petroleira, Roberto Castello Branco, em evento no Rio de Janeiro.

O executivo ressaltou que trabalhar com preços elevados é fácil, mas a empresa precisa estar preparada para diversos cenários, dada a volatilidade de preços do petróleo. “Estamos nos preparando para viver bem com preço de US$ 50, talvez até menos. Se a empresa não tem custos baixos, a única solução é ir a uma igreja e pedir para o preço aumentar”. Ele reiterou os planos de focar em exploração e produção de petróleo em águas profundas, retirando-se de diversas áreas, como a distribuição e transporte de gás e a exploração e produção em águas rasas e campos terrestres.

No caso de distribuição, Castello Branco afirmou que as vendas de ativos deverão ocorrer em blocos. Nessa linha, o executivo declarou acreditar que há interesse da iniciativa privada de investir em logística, na construção de gasodutos. A afirmação vem em um momento em que o governo busca abrir o setor de distribuição e transporte de gás no País, com menor presença da Petrobras, atraindo investimentos privados com vistas à redução de preços.

Ele ainda criticou a proposta de um fundo estatal que tramita no Congresso para a construção de gasodutos, chamado de Brasduto.


voltar