Free flow na Dutra: tecnologia promete fluidez, mas preocupa transportadores
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Pesquisa do IPTC revela que a maioria das empresas teme aumento de custos e quer mais clareza sobre as regras do novo modelo de pedágio

A chegada do sistema de pedágio por fluxo livre, o free flow, marca uma nova fase na infraestrutura rodoviária do país. Embora a tecnologia prometa mais fluidez e segurança, sua implementação levanta uma série de questões e preocupações para as empresas do setor.

A pedido do SETCESP, o IPTC (Instituto Paulista do Transporte de Cargas) realizou uma pesquisa para entender o que os transportadores pensam e como estão se preparando para essa mudança. Os resultados foram bastante reveladores, apontando que o free flow gera muitas dúvidas.

“A demanda para o estudo surgiu do próprio empresário que fica apreensivo com a novidade, principalmente com relação ao custo. Quem circula pela Rodovia Dutra na chegada a São Paulo sente os impactos das obras para a instalação do novo modelo, e isso não tem sido fácil”, compartilha Marcelo Rodrigues, presidente do SETCESP.

O free flow está previsto no contrato de concessão da rodovia Dutra para a CCR RioSP. Segundo Otávio Melo, analista de Relações Institucionais da concessionária, pela rodovia que atravessa as cidades de São Paulo, Guarulhos e Arujá circulam uma média de 350 mil veículos por dia.

“É um dos maiores movimentos da América Latina, a concessionária investirá 1,4 bilhão de reais na construção de mais acessos da via marginal para a expressa”, diz ele. De acordo com Melo, a conclusão das obras na região metropolitana de São Paulo está prevista para o final do mês de setembro.

O que os transportadores pensam sobre o free flow

O levantamento do IPTC identificou pontos sensíveis quanto ao novo modelo de pedágio, como o receio de aumento nos custos operacionais e a complexidade para as pequenas e médias empresas se adaptarem. Além disso, a falta de clareza sobre os critérios de cobrança e a fiscalização também é um ponto de grande preocupação.

Na amostra, 84% das empresas consultadas possuem veículos que circulam pela Dutra diariamente, e 47% delas contam com mais de 50 veículos na frota. Ao serem questionadas se conheciam bem o novo sistema de pedágio, o resultado revelou um cenário dividido: 56% já haviam ouvido falar, mas desconheciam os detalhes de funcionamento.

“Esse é um ponto crítico, pois, sem informação adequada, o transportador não consegue se preparar”, avalia a economista e coordenadora de projetos do IPTC, Raquel Serini, que aponta que a maioria das empresas entrevistadas acredita que haverá um aumento do pedágio. E por conta disso, 81% já consideram que precisarão ajustar suas tabelas frete.

“O free flow pode gerar mudanças do fluxo regional, principalmente na cidade de Guarulhos, aumentando o uso de vias secundárias, 39% responderam que estão analisando as rotas atuais e 32% já estão pensando em rotas alternativas”, afirma a economista.

“Nem todos que trafegam pela Dutra serão tarifados, a pista marginal continua sendo gratuita, só quem optar ir pela expressa é que será tarifado de acordo com o quilômetro rodado”, avisa Melo.

“O usuário que não pagava porque saía antes de passar pela praça de pedágio agora pagará. A proposta é que haja uma democratização, que todos paguem um pouquinho, para que alguns não paguem muito. É óbvio que quem não pagava se sentirá incomodado”, aponta Rodrigues.

Assim como a falta de conhecimento do novo modelo, o nível de aceitação avaliado também ficou bem dividido. Cerca de 43% são favoráveis ou muito favoráveis ao novo modelo, contra 44% que são desfavoráveis ou muito desfavoráveis e, 11% são indiferentes.

Para os consultados, entre as vantagens estão a redução de tempo em trânsito e nas desvantagens a dificuldade de fiscalização das cobranças.

“O nosso setor apoia a novidade pensando na segurança do usuário e na desburocratização do sistema, já que você não precisa parar em uma cabine de pedágio”, afirma Rodrigues, lembrando que as filas para o pagamento da tarifa geram maior desgaste dos freios nos veículos e é mais cansativo para o condutor.

Como vai funcionar

A cobrança da tarifa será calculada tendo por referência o ponto da praça de pedágio de Arujá, na qual o pedágio cobrado atualmente é de R$ 4,40. O motorista vai pagar pelo quilômetro rodado.

Os munícipes de Guarulhos podem optar por trafegar pelas rodovias marginais, já que a cobrança será somente na expressa. Caminhões de 2 e 3 eixos vão pagar duas vezes a tarifa básica, aqueles com 4 eixos em diante pagarão 4 vezes a tarifa básica.

No novo modelo, o veículo será cobrado quando for da rodovia marginal para a expressa. Ele será identificado pela placa através dos pórticos e poderá pagar a tarifa via tag, que faz o débito junto a operadora. Caso ele não use uma tag, terá 30 dias para fazer o pagamento, que pode ser realizado através do site ou aplicativo da CCR RioSP, conforme relata o analista.

Se o usuário passou na pista expressa, não tinha a tag e não fez o pagamento em 30 dias, a emissão das multas não será feita pela concessionária e sim, pela ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre).

“Orientamos que o cliente faça o cadastro no site da CCR RioSP, porque se tivermos o contato dele, a concessionária consegue encaminhar um SMS informando que faz tantos dias que ele passou pelo pedágio e ainda não foi detectado o pagamento” conta Melo, que destaca “quem tem a tag já recebe 5% de desconto no pagamento”. 

“O setor reconhece os possíveis ganhos de eficiência, mas a preocupação maior recai sobre os custos e a falta de clareza nas regras de aplicação”, aponta a economista na conclusão do relatório. Segundo ela, é essencial haver mais comunicação e transparência por parte do poder público e das concessionárias, para os transportadores poderem planejar e ajustar suas operações diante da implantação do free flow.

“Espero que todos os usuários saibam que estamos atentos para que se cumpra os prazos nas obras”, garante Marcelo. “Sem dúvidas, o futuro das rodovias é o free flow”, acrescenta.

“O papel da concessionária é esclarecer dúvidas e ampliar a comunicação com os usuários. Em breve, com as obras concluídas, todos poderão sentir os benefícios de um trânsito mais ágil e fluido”, afirmou Melo. Ele ressalta ainda que eventuais problemas relacionados à cobrança do free flow podem ser resolvidos diretamente pelos canais oficiais da concessionária.

Fale com a CCR RioSP:   WhatsApp: (11) 2795-2238 | Telefone: 0800 0173536 | Site:  www.ccrriosp.com.br

Cadastre o veículo no site da concessionária.

Confira mais informações nesta live do SETCESP.


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