Em média 61,5 mil veículos por dia passam pela Washington Luís O trajeto de aproximadamente cinco quilômetros que a dona de casa Graciele Ramadan Mafei fazia em dez minutos entre o condomínio onde mora e a academia dos filhos, na zona leste de Rio Preto, hoje demora mais de meia hora. “De dois anos para cá piorou muito, principalmente no final da tarde”, afirma.
Pelo menos duas vezes por dia, ela passa pelos entroncamentos da BR-153 e usa o acesso da Assis Chateaubriand (SP-425) para chegar em casa, enfrentando uma fila interminável de carros no horário de rush. “O pior mesmo é o das seis da tarde, daí o trânsito para na pista.”
Esse é o drama de milhares de motoristas que diariamente usam trechos urbanos das rodovias estaduais e federais que cortam Rio Preto. Eles são vitimas do aumento do tráfego e da falta de infraestrutura.
Apenas na Washington Luís (SP-310), a mais movimentada delas, nos últimos três anos o VDM (Volume Diário Médio) de veículos cresceu 16%. Em 2010, a concessionária Triângulo do Sol registrou uma média de 53.180 veículos por dia no trecho urbano da Washington. Três anos depois, o volume saltou para 61.527 carros. O número de acidentes também subiu de 225 para 237. “Das ocorrências registradas no trecho e período em questão, 60% envolvem pelo menos um veículo com placas de Rio Preto”, afirma nota da empresa.
Segunda rodovia mais movimentada da região, a BR-153 teve acréscimo de 13% no tráfego. Os dados são da ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre), que fiscaliza a concessão, e representam o VDM de 2010 a 2012. Atualmente, segundo a Polícia Rodoviária Federal, são quatro pontos críticos. O primeiro gargalo fica no km 58, no trevo do distrito de Talhado, e o último está próximo ao shopping Iguatemi, no km 71. Em 2013, o trecho teve 12.721 motoristas multados. A manicure Jaciara Rodrigues de Souza conhece bem o problema do trânsito. Há dois meses ela mora no loteamento Lealdade e Amizade, e passa diariamente pelo trevo de Talhado. “Só ali o ônibus leva uns dez minutos”. Ainda segundo ela, a viagem toda até o terminal dura no máximo meia hora.
Relatórios da ANTT mostram ainda que entre 2010 e 2012 o número de acidentes no trecho urbano da BR, em Rio Preto, cresceu em média 25%, saltando de 358 para 448 casos, respectivamente. Ao todo, nos dois anos, foram registradas 36 mortes. O empresário Diego Beliberto Narvaes Feitosa conhece o caos dessas rodovias. Diariamente ele passa por elas a trabalho. “Sempre tem acidente.” Segundo ele, de manhã e à tarde o trânsito é insuportável. “Principalmente no trevo que liga a SP-310 com a BR e na entrada da represa”, afirma.
Marginal espremida
Motoristas que usam o entroncamento da Assis com a BR, sentido Olímpia, reclamam que nos últimos 90 dias o tráfego tem piorado bastante, situação que se agravou com a abertura de novos loteamentos da zona leste (região da Represa). O caos maior é volta das 18h30, quando a fila de veículos começa numa rodovia e termina na outra. Em 2012, último levantamento do DER (Departamento de Estradas de Rodagem) indicou que o VDM desse trecho era de 13.592 veículos. Na comparação das três estradas, é o que menos cresceu, apenas 1,5% em dois anos. “No ano de 2013 foram realizados 1.465 atendimentos aos usuários, como socorro mecânico, atendimento de guincho e por viaturas da Unidade Básica de Atendimento”, informa a assessoria.
Mas o mais novo gargalo dos trechos urbanos das rodovias em Rio Preto tem outro agravante: a marginal que faz a ligação com os bairros é mão dupla e trava a entrada de carros que chegam da rodovia (Assis) para seguir rumo aos condomínios. A Secretaria Municipal de Trânsito informou que fez estudos na marginal, mas concluiu que é inviável tornar a pista mão única sentido bairro, pois a pista atende a moradores do condomínio Figueira e adjacências.
Mais ônibus ou rodízio, a saída
Especialista em trânsito pela USP (Universidade de São Paulo), o engenheiro José Bernardes Felex afirma que investir em transporte público de qualidade seria uma das alternativas para desafogar os trechos urbanos das rodovias que cortam Rio Preto. Outra hipótese é limitar o tráfego adotando medidas como rodízio de veículos. “Temos que partir do problema que todos vão trabalhar na mesma hora, levam os filhos para a escola no mesmo horário, e que quando as rodovias foram construídas ninguém imaginava que a cidade chegaria até elas”, explica.
Ainda segundo o engenheiro, embora com tráfego maior, a SP-310 é menos complicada devido às marginais. “Já a BR, até pouco tempo atrás, era só buraco e ainda não tem vias secundárias como opção”, fala Felex. “Isso sem contar que os serviços oferecidos são sofríveis”. O Diário procurou as concessionárias, mas não obteve retorno. Já o DER, que administra a SP-425, informou que o trecho entre Guaira e Rio Preto recebeu cerca de R$ 80 milhões de investimentos e novos radares devem entrar em funcionamento em 60 dias. A Polícia Rodoviária Estadual foi procurada, mas não se manifestou.
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