É o que revela análise inédita feita pela Folha em 14,8 mil boletins de ocorrência de roubos e furtos de veículos registrados na capital neste ano.
Ao todo, 47 veículos sumiram no fim da marginal Pinheiros e avenidas Octalles Marcondes Ferreira, Engenheiro Eusébio Stevaux e Engenheiro Alberto de Zagottis.
Nessa área ficam, entre outros, o shopping SP Market, o parque infantil “O Mundo da Xuxa“, uma unidade do Senac, o São Paulo Golf Club e o templo onde o padre Marcelo Rossi celebra missas.
Uma das características que favorecem os furtos de veículos no extremo sul da marginal Pinheiros hoje é a existência de bolsões de estacionamento na via, que são abertos e não contam com nenhum tipo de vigilância.
Segundo Rogério Martins, 39, frentista de um posto na marginal Pinheiros, próximo ao SP Market, furtos de veículos são parte do cotidiano de quem frequenta a região.
“Dia sim, dia não, tem furto por aqui. De vez em quando, os seguranças das empresas conseguem pegar o ladrão, dão uns sopapos neles e o caso nem é registrado.“
Rua de hospitais – O rastreamento dos furtos de veículos também revela que a rua Santa Marcelina, em Itaquera, na zona leste da capital -onde fica o Hospital Santa Marcelina-, é uma das mais perigosas para se estacionar carros e motos.
A Santa Marcelina tem apenas 1 km de extensão, mas teve 21 furtos de veículos no período analisado pela Folha.
Na área central de São Paulo, a rua Maestro Cardim, onde fica o Hospital Beneficência Portuguesa e perto do Hospital Paulistano, é a mais visada por ladrões de veículos. Foram 14 casos. A alameda Jaú, nos Jardins, teve oito.
“Não há muitos estacionamentos na região, e as ruas ficam cheias de carro. Clientes do shoppings e pacientes de clínicas e do hospital [Beneficência] costumam deixar os carros nas ruas. Nem os flanelinhas dão conta de tanto veículo e os ladrões fazem a festa“, afirma o microempresário Alfredo Ferreira, 40, morador da Maestro Cardim.
Com 429 ocorrências, a tarde de terça-feira foi o período com mais furtos de veículos registrados na capital.
Zona leste tem vias com mais veículos roubados na capital – Sapopemba e Jacu-Pêssego registram por dia mais de um caso em que a vítima é alvo de violência ou ameaça.
Tipo de crime na cidade de São Paulo aumentou 23,5% no primeiro bimestre deste ano em relação ao ano passado.
A Sapopemba é considerada a maior avenida paulistana e, no primeiro bimestre deste ano, passou a ter outro título: o de via onde mais se rouba (quando há violência ou ameaça do ladrão) veículos na cidade de São Paulo.
Em um trecho da via -os 19,5 km da avenida que rasgam dezenas de bairros da zona leste paulistana-, houve 83 roubos de veículos (1,3 por dia) em janeiro e fevereiro.
Três das 93 delegacias da capital paulista atendem esses 19,5 km da Sapopemba. Ao todo, no entanto, a avenida tem 40 km de extensão, sendo 20,5 km nos municípios de Mauá e Ribeirão Pires (ABC). A marginal Tietê, por exemplo, tem 23,5 km.
Esse maior trecho da Sapopemba, fora da cidade de São Paulo, não faz parte da análise inédita feita pela Folha com base em 7.280 boletins de ocorrência sobre roubos de veículos registrados na capital paulista, entre janeiro e fevereiro deste ano.
Outra grande via da zona leste paulistana, a Jacu-Pêssego/Nova Trabalhadores, é a segunda mais visada por ladrões para roubar veículos. Foram 66 casos, em 60 dias. A Raimundo Pereira de Magalhães, que liga a Lapa, na zona oeste, a um dos extremos da zona norte, teve 60.
Das 25 vias mais visadas pelos ladrões de veículos da cidade, dez estão na zona sul e sete na área da zona leste.
Mais crimes – Em comparação com o 1º bimestre de 2011 (5.903 casos), os roubos de veículos subiram 23,5% no mesmo período deste ano na cidade.
Em janeiro e fevereiro de 2011, em média, cem veículos foram roubados por dia (4 por hora); no mesmo período deste ano, foram 121 (5 por hora).
Todas as 25 vias onde mais ocorrem roubos de veículos na capital paulista são locais de trânsito intenso.
Trechos de rodovias – Os trechos urbanos das rodovias Fernão Dias (33), Anhanguera (24), Presidente Dutra (21) e Raposo Tavares (17) também estão entre as 25 vias mais visadas por ladrões.
O rastreamento dos boletins de ocorrência de roubos de veículos mostra que o 16º Distrito Policial (Vila Clementino) é o que mais teve registros para esses crimes: 312.
Mas a Folha detectou que entre esses 312 estão cerca de 60 que ocorreram em áreas de outras delegacias da zona sul. Há, por exemplo, casos na Cidade Dutra, distante 25 km do 16º DP, e no Capão Redondo, a 20 km, que foram registrados na Vila Clementino.
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