Temperatura de armazenamento e volume de carga são preocupações para o transporte
De acordo com informações dadas pelo ministro da saúde, Eduardo Pazuello, o Brasil está na expectativa de receber 15 milhões de doses entre janeiro e fevereiro, podendo alcançar 160 milhões de doses no segundo semestre.
O diretor da Especialidade de Transportes de Produtos Farmacêuticos do Sindicato das Empresas do Transportes de Cargas de São Paulo e Região (SETCESP) e Coordenador da Câmara Técnica Farma da &Logística, Gylson Ribeiro, salientou os desafios envolvidos no transporte das vacinas. “Entre os fatores que consideramos desafiadores na distribuição da vacina contra a Covid-19 destacamos o volume de doses a serem distribuídas, a velocidade entre a retirada do produto do estoque e o ponto em que a dose da vacina será disponibilizada ao cidadão e também o cuidado no manuseio durante o transporte, pois se trata de um produto de cadeia fria e requer um rígido controle na manutenção da temperatura.”
Ribeiro ainda apontou que essas operações são acompanhadas de riscos. “O volume estimado de entregas é imenso. Um documento apresentado pela IATA (Associação Internacional de Transportes Aéreos) aponta que hoje o planeta é habitado por uma população de quase 7,8 bilhões de pessoas. Se considerarmos somente uma dose por pessoa esta quantidade ocuparia 8.000 aviões de carga do modelo 747 da Cia Boeing, se considerar todos os aviões deste modelo produzidos desde a década de 70 até hoje, não passam de 1.600 unidades, podemos concluir com base nestes dados que pode ser este um grande risco nesta distribuição”.
Para a boa performance na distribuição dessas vacinas será exigido alto desempenho dos profissionais e impecável organização de todos os processos, além de uma integração entre modais. “As exigências aos operadores logísticos e aos transportadores envolvidos, inicia-se no planejamento da coleta no fabricante e armazenamento das vacinas nas condições de temperatura exigida. Hoje milhares de vacinas estão sendo desenvolvidas no mundo todo para combater o coronavírus e para muitas delas, os fabricantes exigem armazenamento em estado ultracongelado. Este fator obrigará uma adequação dos equipamentos disponíveis atualmente, pois o volume a ser armazenado será bem maior do que se tem hoje nestas condições. No caso do transporte, o deverá ser realizado com muita rapidez na operação, mesclando o modal e o modal aéreo, lembrando que o nosso país tem dimensões continentais, será necessário que as grandes distâncias sejam transpostas pelo aéreo e a “última milha” pelo rodoviário. Cabe destacar que a malha aérea em função da pandemia sofreu uma enorme redução e será necessário um novo planejamento logístico para os pontos em que o aéreo deixou de atender, só assim a vacina chegará com velocidade ao destino”, finaliza o especialista.
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