Em São Paulo, o transporte de cargas pela hidrovia Tietê-Paraná ficou ainda mais restrito. Por causa da estiagem, o nível do rio está cada vez mais baixo.
A determinação atinge diretamente a navegação de grandes embarcações ao longo do trecho paulista da hidrovia. A partir de agora, o calado para navegação, em alguns pontos do rio, é de, no máximo, um metro. Calado é a parte do casco que fica dentro da água, o que significa que a capacidade de transporte no rio foi reduzida. Embarcações que antes navegavam com 6 mil toneladas de produtos, agora, não podem carregar mais de 500 toneladas.
No Porto Intermodal de Pederneiras, na região centro-oeste do estado de São Paulo, os comboios usados para o transporte de cargas estão estacionados.
Toneladas de grãos e celulose que chegam em embarcações para serem despachadas em trens para o Porto de Santos estão tendo que ser agora transportadas por rodovias. Para se ter uma ideia, um comboio parado equivale a cerca de 200 caminhões a mais nas estradas e o custo também é bem maior. Cada tonelada de carga transportada pela hidrovia tem um custo médio de R$ 45, enquanto pela rodovia, o valor sobe para R$ 170.
“Na verdade é uma falta de visão de longo prazo e de planejamento. Estiagem tem todos os anos, portanto já é de conhecimento de quem opera o setor. Por mais grave que seja a estiagem, por mais acentuada, ela não causaria isoladamente esse problema, isso foi causado pelos investimentos não feitos, como o controle de mananciais e o trabalho preventivo. Isso vem acontecendo em outras regiões com a falta de energia elétrica e no caso específico, teria como regular se o operador nacional do sistema abrisse mão da produção, geração e distribuição de energia", diz o economista Reinaldo Cafeo.
O trecho paulista da hidrovia Tietê-Paraná tem 800 quilômetros e 30 terminais de carga funcionam ao longo do rio. A hidrovia chega a transportar por ano mais de 6 milhões de toneladas de cargas e com o transporte prejudicado, muitas empresas que atuam no porto estão tomando medidas drásticas.
Uma delas, além de paralisar as atividades, demitiu cerca de 500 funcionários. “Estamos com 100% do transporte parado e a medida imediata é a demissão de funcionários. É impossível permanecer com o quadro sem saber quando o serviço poderá ser retomado”, diz o engenheiro José Gheller.
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