A partir dos próximos meses, as rodovias administradas pelo DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) deverão ser dimensionadas de acordo com um novo método de pavimentação asfáltica. Chamado de Medina, em homenagem ao engenheiro Jacques de Medina, que introduziu a mecânica dos pavimentos no Brasil, o Método de Dimensionamento Nacional foi desenvolvido por meio de uma parceria entre o órgão, a Coppe (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia) e a Rede Temática de Asfaltos. Trata-se de uma atualização da técnica utilizada no Brasil, ainda da década de 1960, e inclui tecnologias já adotadas em outros países.
O Medina já passou por consulta pública por 60 dias. Agora, o DNIT consolida as críticas e sugestões para fechar um modelo final, que será, por fim, encaminhado para aprovação da diretoria colegiada e posterior entrada em vigor. O método antigo não previa tecnologias mais avançadas, como asfaltos de borracha e modificados por polímeros, ainda que já existam outros normativos regulamentando o uso desse tipo de aditivo no Brasil. Além disso, as diferentes condições climáticas do país também não eram observadas, conforme apontou o estudo da CNT Transporte Rodoviário – Por que os pavimentos das rodovias do Brasil não duram?. Outro ponto essencial é que a técnica não previa o surgimento de possíveis rachaduras e trincas com o passar dos anos. A partir da implementação da nova metodologia, todas essas variáveis serão mensuradas.
O grande diferencial do Medina é o dimensionamento das rodovias de acordo com avanços tecnológicos e com a realidade brasileira. “Dimensionar o pavimento significa escolher as espessuras das camadas com critério”, explicou a engenheira Laura Maria Goretti da Motta, uma das responsáveis pela elaboração do método, na semana passada, em apresentação no Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, em Brasília. Ela observou a urgente necessidade de que outros modos de transporte, como o aquaviário, sejam melhor aproveitados para que os caminhões, sobretudo os pesados, não sobrecarreguem tanto a malha rodoviária do país.
Como o método foi desenvolvido
Em 2009, a Rede Temática de Asfaltos, formada por várias universidades e pelo Instituto de Pesquisas Rodoviárias, iniciou um novo projeto financiado pela Petrobras. Assim, pavimentou trechos entre 200 e 300 metros, em rodovias de todo o país, e utilizou diferentes tipos de soluções para monitorar o desempenho de cada um deles em situações climáticas distintas. A partir desse monitoramento, o método foi desenvolvido.
A ferramenta pode ser utilizada tanto para o dimensionamento de novas rodovias quanto para o reforço de pavimentos existentes. Além disso, especifica as espessuras necessárias das camadas do pavimento a serem utilizadas e o tipo de revestimento que apresentará melhor desempenho, bem como consegue auxiliar, inclusive, na escolha do melhor tipo de ligante a ser usado em cada situação. Outra vantagem é que ela mensura em quanto tempo as fissuras vão surgir. Conforme o Dnit, embora o custo para a implementação da nova tecnologia seja maior, a vida útil do pavimento também aumenta e a necessidade de manutenção, consequentemente, decresce.
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