Desafios que surgiram pela frente
Compartilhe

Foram muitas as adversidades que as transportadoras que operam no segmento de abastecimento e distribuição enfrentaram decorrentes dos efeitos da pandemia

Considerado como essencial, o transporte rodoviário de cargas não parou. Os veículos continuaram rodando garantindo o abastecimento de outras atividades também classificadas como essenciais.

Entretanto, mesmo que o transporte rodoviário tenha se mantido ativo, as medidas de contingenciamento no início da pandemia trouxeram grandes desafios para o abastecimento urbano.

As entregas de mercadorias em cidades da região metropolitana de São Paulo sempre foi uma grande preocupação do SETCESP, por isso, existe uma especialidade desse segmento dentro da entidade, que se interessa em buscar soluções para questões de políticas públicas, que priorizem não só a mobilidade, mas também a distribuição urbana.

À frente desta diretoria desde 2016, está Marinaldo Barbosa dos Reis, que também é diretor da Renascer Express, e contou que posteriormente a chegada da pandemia no país, um dos primeiros transtornos que o segmento encontrou foram as cargas ficarem paradas nos terminais por conta do fechamento do comércio.

Apesar disso, não demorou muito para que os executivos do transporte buscassem uma forma de dar vasão a essas mercadorias. A maneira encontrada por eles, foi a realização das entregas com o horário previamente agendado.

 “Vieram as medidas sanitárias, após isso, na parte operacional tivemos que fazer a reorganização de grande parte das rotas, porque nós que trabalhamos com a carga fracionada já temos um problema com ociosidade de carga por itinerário (que é o não aproveitamento total da capacidade do veículo em uma viagem), com a baixa demanda, o impacto foi ainda maior”, relatou Marinaldo.

Mas a falta de carga, e o armazenamento das mercadorias foram apenas alguns dos diversos desafios que o segmento encontrou. E não parou por aí.

Logo no início do mês de maio, ocorreram as blitz educativas no combate da doença. A medida gerou filas imensas de trânsito por importantes vias da cidade.

Depois, a tentativa de implementação, por parte da prefeitura de São Paulo, de um rodízio mais abrangente. No qual veículos com final de placa par, só poderiam circular em dias pares, da mesma forma que veículos final ímpar, só poderiam circular em dias impares.

Os veículos de carga voltados ao segmento de abastecimento até estavam isentos do rodízio, mas para isso acontecer de fato, era preciso preencher e enviar um e-mail para prefeitura, com o cadastro e dados do veículo. Esse formato de rodízio deu margem para muita polêmica, e não durou mais que uma semana.

Enquanto isso, outro problema foi a ausência de serviços mínimos em funcionamento no percurso dos transportadores. “O fechamento de borracharias, oficinas mecânicas, sobretudo, locais para alimentação, afetaram e muito as operações de transporte”, destacou Raquel Serini, economista do IPTC (Instituto Paulista do Transporte de Carga).

Daí começaram as primeiras medidas para a reabertura do comércio. Porém, com restrições de funcionamento e horários diferenciados para cada tipo de estabelecimento: o comércio de rua deveria funcionar na capital, das 6h às 10h; os shoppings populares entre às 11h e 15h, e os shoppings centers das 16h às 20h. Mas em outros locais, essa dinâmica de horários não foi necessariamente a mesma.

E todo esse processo refletiu diretamente nas entregas das transportadoras nesses estabelecimentos.

Inclusive, por essa razão e com o objetivo de atenuar a complexidade desta logística, que o SETCESP chegou a solicitar ao IPTC, um levantamento que reuniu os horários de funcionamento dos shoppings na região metropolitana, a fim de facilitar a operação de descarga de mercadorias pelos transportadores.

“Foi um grande desafio trabalhar com as mudanças de regras de um munícipio para o outro. Sem falar, que tivemos o adiantamento de feriados em algumas cidades, e em outras não”, lembra Thiago Menegon, membro do Conselho Fiscal do SETCESP e diretor da TDB Transportes, transportadora do segmento de carga fracionada, que atende tanto indústrias, quanto grandes varejistas. “Apenas vivendo um dia por vez, é que conseguimos superar essas dificuldades”, disse.

Agora grande parte do estado de São Paulo já se encontra nas fases de reabertura das atividades comerciais, ainda que com certa restrições de horários.

A torcida continua para que tudo volte à normalidade. Em tempo, é preciso seguir em frente mas sem esquecer os desafios já encarados.

“Com a reabertura de serviços e do comércio é preciso reforçar os cuidados de higiene com toda a equipe de trabalho, porque o índice de contágio da doença é o que vai regular a retomada econômica”, considera Marinaldo, que aproveita também para convidar os empresários do TRC a participarem das próximas reuniões do segmento, que por enquanto, estão sendo realizadas virtualmente.

“Nosso propósito é reunir as boas práticas para a regulamentação do abastecimento em São Paulo. Em momentos como esses, pelos quais passamos, é que constatamos como é importante ter uma entidade forte com quem podemos contar”, conclui.


voltar