A crise, a inovação e a bicicleta
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Tom Standage – editor adjunto da The Economist escreveu um interessante artigo na Revista 1843 (jun-jul 2020) em que relata a invenção da bicicleta e sua relação com as grandes crises globais.

Tudo começou com a erupção, em abril de 1815, do Monte Tambora, um vulcão onde hoje é a Indonésia. Foi uma das maiores erupções vulcânicas da história. “Uma vasta nuvem de poeira e cinzas se espalhou pelo mundo bloqueando o sol e reduzindo as temperaturas globais. Na China, o tempo frio matou árvores, plantações e búfalos. Na América do Norte, uma ‘névoa seca’ avermelhou o sol e houve uma nevasca no verão em Nova York. Houve tumultos e saques na Europa quando as colheitas fracassaram. Os preços dos alimentos dispararam e dezenas de milhares de pessoas morreram de fome e doenças.

Os cavalos passavam fome ou eram abatidos, pois o alto preço da aveia obrigava as pessoas a escolher entre alimentar seus animais ou a si mesmas.”

Foi nessa crise, principalmente de transporte, pela falta de cavalos, que Karl von Drais, um inventor alemão, concebeu uma máquina de transporte pessoal para substituir o cavalo: uma engenhoca de madeira de duas rodas que ele chamou de Laufmaschine (literalmente, “máquina de corrida”).

“Sentado em uma sela, Drais a impulsionou, plantando os pés no chão e empurrando a cada poucos metros, enquanto a dirigia usando um leme. Um passeio de demonstração, no qual ele viajou 64 quilômetros em quatro horas, mostrou que era tão rápido quanto um cavalo trotador e podia ser impulsionado por seu cavaleiro sem muito esforço. A parte complicada era mantê-la equilibrada enquanto deslizava, o que exigia alguma prática”.

A invenção gerou muitos entusiastas no mundo inteiro e que continuaram a melhorar seu design. A adição de pedais ocorreu na França na década de 1860. Freios melhores, uma estrutura de aço, rodas leves de metal e uma corrente para acioná-las fizeram, no final de 1880, o que hoje o mundo inteiro conhece: a bicicleta.

“A invenção de Drais não substituiu o cavalo: o tempo voltou ao normal, levando a uma colheita abundante em 1817. Uma invenção provocada pelos desafios de uma crise global há muito esquecida acabou se espalhando pelo mundo e se tornando parte da vida cotidiana”, afirma Standage.

Que inovações esta pandemia do coronavírus de 2020 poderá gerar?

A pandemia certamente inspirará novas abordagens à educação on-line ou a entrega de pacotes por drones. Será que surgirão algumas ideias menos óbvias e que poderão revolucionar o mundo?

Quem imaginaria, afinal, que um vulcão daria origem à bicicleta?

Pense nisso. Sucesso!


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