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Combustíveis pressionam deflação de 0,31% em abril, menor índice em 22 anos – SETCESP
Combustíveis pressionam deflação de 0,31% em abril, menor índice em 22 anos
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Deflação da gasolina foi registrada em todas as 16 regiões pesquisadas em abril

Puxada pela queda de 9,59% no preço dos combustíveis, o país teve deflação de 0,31% em abril, após ter registrado 0,07% em março. O resultado é a menor variação mensal desde agosto de 1998, quando chegou a -0,51%. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado hoje (8) pelo IBGE. No acumulado do ano, o IPCA registrou 0,22% e, nos últimos 12 meses, ficou em 2,40%.

O grupo Transportes, que teve queda de 2,66%, apresentou o maior impacto negativo no IPCA de abril, de -0,54 ponto percentual (p.p.). O recuo de 9,59% nos preços dos combustíveis foi puxado pela redução de 9,31% na gasolina, que exerceu o maior impacto individual negativo no índice do mês, de -0,47 p.p.

A gasolina registrou deflação em todas as 16 regiões pesquisadas, sendo a maior em Curitiba (-13,92%) e a menor no Rio de Janeiro (-5,13%). Etanol (-13,51%), óleo diesel (-6,09%) e gás veicular (-0,79%) também apresentaram queda em abril.

“O resultado de abril foi muito influenciado pela série de reduções nos preços dos combustíveis, principalmente da gasolina, que caiu bastante e puxou o índice para baixo”, explica o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov. No período de coleta, houve dois anúncios de diminuição no preço da gasolina: no dia 28 de março, de 5%, e no dia 20 de abril, de 8%.

Por outro lado, as passagens aéreas (15,10%) registraram alta após três meses consecutivos de quedas. O item ônibus urbano (0,11%) foi outro a apresentar variação positiva, em função do reajuste de 5% no preço das passagens em Salvador (1,56%), em vigor desde 12 de março.

Artigos de residência e habitação também contribuem para deflação

Além de transportes, outros cinco grupos tiveram impacto negativo no IPCA de abril. A segunda maior contribuição veio de Artigos de residência (-0,05 p.p.), seguido por Saúde e Cuidados Pessoais (-0,03 p.p) e Habitação (-0,02 p.p.), grupo influenciado pelo recuo nos preços da energia elétrica (-0,76%). Vale lembrar que, em abril, houve a manutenção da bandeira tarifária verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz. Nesse item, as áreas apresentaram variações que foram desde a queda de 4,07% em Vitória até a alta de 3,43% em Porto Alegre.

Ainda em Habitação, a variação positiva da taxa de água e esgoto (0,21%) decorre do reajuste médio de 6,23% em uma das concessionárias de Porto Alegre (1,94%), em vigor desde 21 de março. Alguns artigos de limpeza (0,10%) também apresentaram alta.

Preço dos alimentos segue aumentando

A maior contribuição positiva no IPCA de abril (0,35 p.p.) veio de Alimentação e bebidas (1,79%), que segue aumentando e acelerou em relação ao resultado do mês anterior (1,13%). A alimentação no domicílio passou de 1,40% em março para 2,24% em abril, com destaque para as altas da cebola (34,83%), da batata-inglesa (22,81%), do feijão-carioca (17,29%) e do leite longa vida (9,59%). Já as carnes (-2,01%) apresentaram queda pelo quarto mês consecutivo, com ainda mais intensidade que no mês anterior (-0,30%).

“Há uma relação da restrição de oferta, natural nos primeiros meses do ano, e do aumento da demanda provocado pela pandemia de Covid-19, com as pessoas indo mais ao mercado, cozinhando mais em casa”, aponta Kislanov.

A alimentação fora do domicílio, por sua vez, passou de 0,51% em março para 0,76% em abril, influenciada pela alta do lanche (3,07%). A refeição registrou deflação (-0,13%) pelo segundo mês consecutivo. A queda havia sido de 0,10% em março.

Nos índices regionais, 14 das 16 áreas pesquisadas apresentaram deflação em abril. Curitiba registrou o menor índice (-1,16%), por conta da queda nos preços da gasolina (-13,92%). Tiveram inflação o Rio de Janeiro (0,18%), em função das altas nos preços das passagens aéreas (15,83%) e da energia elétrica (1,33%), e Aracaju (0,15%).

Coleta segue à distância

Para o cálculo do índice do mês, foram comparados os preços coletados no período de 31 de março a 29 de abril de 2020 (referência) com os preços vigentes no período de 3 a 30 de março de 2020 (base). Em virtude do quadro de emergência de saúde pública causado pela Covid-19, o IBGE suspendeu, no dia 18 de março, a coleta presencial de preços nos locais de compra. A partir dessa data, os preços passaram a ser coletados por outros meios, como pesquisas realizadas em sites de internet, por telefone ou por e-mail.


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