O mercado de caminhões volta ao nível pré-crise ao registrar seu melhor primeiro trimestre em volume de vendas desde 2014, segundo com dados divulgados na quinta-feira, 4, pela Anfavea, associação das fabricantes. Com 21,5 mil unidades emplacadas no acumulado de janeiro a março, o volume representou crescimento expressivo de 47,7% sobre iguais meses do ano passado, quando o setor havia licenciado 14,5 mil caminhões.
O presidente da Anfavea, Antonio Megale, lembra que o setor, como um dos principais termômetros da economia, foi o que mais sofreu com a crise conferindo seus piores volumes entre 2014 e 2017.
“O setor de pesados tem trazido números interessantes e agora, com o resultado do trimestre, está voltando a essa base de 2014”, confirma Megale.
Em março, as vendas de caminhões totalizaram 7,6 mil, avanço de 10,5% sobre os 6,8 mil emplacamentos de fevereiro. Também houve alta de 28,1% quando comparado com março de 2018, quando o setor licenciou pouco mais de 5,9 mil unidades. Neste caso, Megale lembra que os números mensais no primeiro trimestre do ano passado foram muito baixos, por isso há um índice de crescimento maior.
“Já no acumulado, o crescimento deverá diminuir, porque a diferença entre os volumes de vendas de um ano para outro será menor, mas ainda assim serão números muito bons”, analisa.
O vice-presidente da entidade, Marco Saltini, reforça que o setor consolida mês a mês um novo patamar de vendas. “A economia ligeiramente começa a melhorar, o que deve sustentar a venda de 7 mil ou 7,5 mil caminhões por mês, talvez 8 mil”, aponta o executivo. “Vamos ver essa redução entre os volumes de um ano para outro, mas com um mercado caminhando para a projeção de crescimento estimada em 15% neste 2019”, frisa.
O mercado de ônibus também segue em alta, com volume quase 70% maior no primeiro trimestre contra igual período do ano passado, para 4,6 mil chassis licenciados. Segundo Saltini, o segmento está sendo influenciado pelo programa Caminho da Escola. “Os transportadores também estão voltando às compras, levando o segmento a um ritmo adequado [de vendas]”, comenta.
Embora o mercado de caminhões esteja aquecido, a produção do setor ficou quase estável no primeiro trimestre, com leve crescimento de 1,3%, para 24,7 mil unidades. Isso se explica a partir de fatores excepcionais ocorridos no período, como a paralisação de 42 dias na fábrica da Ford em São Bernardo do Campo (SP) em protesto ao anúncio de fechamento da unidade, além da paralisação de um dia da fábrica de caminhões e ônibus da Mercedes-Benz, também no ABC Paulista, devido à enchente e manifestações que afetaram o funcionamento da planta no fim de março.
Da mesma forma, a produção de ônibus recuou 11,2%, para pouco mais de 6,1 mil unidades, mas não necessariamente influenciada pelas paralisações. Neste caso, as exportações também têm um peso no volume produzido. Segundo a Anfavea, as montadoras exportaram pouco mais de 2 mil ônibus de janeiro a março, 16% a menos do que em iguais meses de 2018. No caso dos caminhões, a queda dos embarques foi ainda maior, de 65,6%, passando de 7,3 mil para 2,5 mil unidades. A Anfavea confirma que as exportações seguem prejudicadas por causa da crise na Argentina, que continua sendo o maior destino de veículos produzidos no Brasil.
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