Caged indica desaleceração do mercado de trabalho; média trimestral melhora
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O Brasil abriu 218.902 vagas formais de trabalho em julho, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), resultado abaixo do esperado pelo mercado, em torno de 258 mil. O número indica desaceleração do mercado de trabalho, mas traz uma melhora na média trimestral, que avançou de 226 mil para 240 mil postos no período.

“O Caged de Julho indicou a criação de 219 mil novas vagas formais no mercado de trabalho, um pouco abaixo do esperado pelo mercado, em 258 mil, e uma desaceleração em relação a junho, que havia sido 278 mil. O número, no entanto, é bastante robusto, incluindo o crescimento no ritmo de contratações na indústria e na construção, setores mais sensíveis ao aperto monetário, mas que seguem com perspectiva positiva devido à queda da inflação e alívio nas cadeias de suprimentos”, destacou Rafaela Vitoria, economista-chefe do Inter.

Segundo Rafaela, o setor de serviços teve a maior desaceleração após o “forte desempenho” no 1º semestre, ressaltando o estoque de empregos formais recorde da série, em 42,2 milhões.

“Os setores de serviços tiveram a maior desaceleração, principalmente depois do forte volume no primeiro semestre, tanto nas atividades ligadas à reabertura, como transportes, alojamento e alimentação, como administrativas”, disse.

No acumulado do ano até julho, foram criadas quase 1,6 milhões de novas vagas formais no Brasil, número que já chega próximo dos 1,8 milhões de empregos com carteira assinada gerados no ano de 2021, chegando ao saldo recorde de 42,2 milhões”, acrescentou.

O economista da XP Rodolfo Margato salientou a média móvel de três meses, além de destacar que o saldo acumulado nos últimos 12 meses chegou a 2,550 milhões (de 2,637 milhões). Segundo ele, estes números levam a crer que o emprego formal continuará a avançar, mas em um ritmo menor.

“Houve adição líquida de cerca de 1,385 milhão de vagas entre janeiro e julho de 2022, com base em números com ajuste sazonal. Reforçamos a visão de que o emprego formal continuará em trajetória ascendente nos próximos meses, ainda que em ritmo cada vez mais moderado. O saldo de empregos formais deve totalizar 1,950 milhão em 2022, segundo nossas projeções”, pontuou o economista.

Ao CNN Brasil Business, Fabio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Consumo e Turismo, ressaltou o impacto do setor de serviços no indicador do Caged.

“A locomotiva da economia está girando muito mais rápido, mas sendo puxada pelos serviços. Isso porque a inflação de serviços não está tão alta quanto inflação dos meios, e isso ajudou o setor de serviços ao longo do ano”, declarou.

“Ainda há um resquício do efeito retomada pós pandemia, já que o número de consumidores está maior que no ano passado. O setor teve que reaver o nível pré pandemia para de fato voltar a gerar emprego de forma mais acentuada.”

Bentes ressaltou que o consumo está forte, mas disse que ele tende a arrefecer até o fim do ano com um rendimento médio menor. Houve uma queda de 3% no rendimento médio real, ou seja, corrigido pela inflação, em relação a julho de 2021.

“O consumo essencial crescendo por conta do Auxilio Brasil, mas aquele consumo de bens duráveis, que depende de renda maior, do grau de confiança elevado, tende a ser prejudicado. Alguns eventos externos podem suavizar a perda, como a Copa do Mundo, ou a chegada do 5G, pois muita gente pensa em trocar o celular, mas isso é um efeito da classe média para cima”, afirmou.

Por fim, o economista-chefe da Nécton, André Perfeito, disse que a criação nos últimos meses de vagas formais foi extremamente forte, o que justifica uma desaceleração no indicador.

“Provavelmente devemos ver uma acomodação na criação de vagas, afinal avançou bastante ao longo dos últimos meses”, ressaltou.


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