Banco Central sinaliza que inflação pode estourar a meta em junho
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Na última reunião, o Comitê de Política Monetária subiu a taxa básica de juros para 13,25%

O Banco Central (BC) informou nesta terça-feira (4) que a inflação deve fechar junho acima da meta de 3%, com intervalo de tolerância de até 4,5%.

A informação consta na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira (4).

Em 2025, passou a valer uma nova sistemática da meta de inflação em que o BC perseguirá uma meta contínua, na qual a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é considerada mês a mês.

Com a alteração, a autoridade monetária só descumprirá a meta se o acumulado de 12 meses ficar fora do intervalo proposto ao longo de seis meses consecutivos.

“Foi destacado, na análise de curto prazo, que, em se concretizando as projeções do cenário de referência, a inflação acumulada em doze meses permanecerá acima do limite superior do intervalo de tolerância da meta nos próximos seis meses consecutivos. Desse modo, com a inflação de junho deste ano, configurar-se-ia descumprimento da meta sob a nova sistemática do regime de metas”, diz o texto.

Dessa forma, caso a meta seja descumprida em junho, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, terá que escrever uma nova carta neste ano para explicar inflação fora da meta.

Em janeiro, Galípolo enviou uma carta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para explicar o estouro da meta da inflação de 2024.

O IPCA encerrou o período de janeiro a dezembro de 2024 em 4,83%. Segundo a ata do Copom, a inflação deve encerrar 2025 em 5,2%.

No documento, o colegiado cita a alta nos preços dos alimentos e a trajetória recente de alta do dólar, que pressiona os bens industrializados.

“Os preços de alimentos se elevaram de forma significativa, em função, dentre outros fatores, da estiagem observada ao longo do ano e da elevação de preços de carnes, também afetada pelo ciclo do boi. Esse aumento tende a se propagar para o médio prazo em virtude da presença de importantes mecanismos inerciais da economia brasileira”, diz o documento.

Na ocasião, o colegiado reforçou compromisso com o guidance sinalizado anteriormente, e disse que deve realizar uma alta de mesma magnitude na próxima reunião, levando a Selic a 14,25% em março.

“Para além da próxima reunião, a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, diz a ata.


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