Banco Central corta taxa Selic em 0,75 ponto percentual, para 3%
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Foi o segundo corte realizado durante a crise econômica mundial causada pela pandemia da covid-19

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central cortou nesta quarta-feira a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, de 3,75% para 3% ao ano. Foi o segundo corte realizado durante a crise econômica mundial causada pela pandemia da covid-19. A decisão deve surpreender o mercado, já que a maior parte das instituições financeiras e consultorias calculavam um corte de 0,5 ponto.

O atual ciclo de cortes, que já registra sete quedas seguidas, teve início em julho do ano passado, quando a Selic estava em 6,5% ao ano. Após cortar a taxa básica de juros em 0,5 ponto na reunião anterior, realizada em março, o colegiado do BC afirmou que considerava que a Selic estava em patamar adequado, mas não descartou novas quedas.

A Selic vem testando mínimas históricas desde o fim de 2017, quando ficou em 7%. Até então, o menor patamar desde o início do regime de metas de inflação, implantado em 1999, havia sido atingido em 2012 e 2013, quando a taxa ficou em 7,25%.

Dois membros do Copom ponderaram que seria oportuno prover de imediato um estímulo monetário maior que o corte de 0,75 pp, com uma sinalização de manutenção da taxa básica pelos próximos meses.

Segundo comunicado, eles “ponderaram que, mesmo com a possibilidade de elevação da taxa de juros estrutural, poderia ser oportuno prover todo o estímulo necessário de imediato, em conjunto com a sinalização de manutenção da taxa básica de juros pelos próximos meses, de modo a reduzir os riscos de não cumprimento da meta para a inflação de 2021.”

Segundo o documento, foi preponderante a avaliação de que, frente à conjuntura de elevada incerteza doméstica, o espaço remanescente para utilização da política monetária é incerto e pode ser pequeno. “Assim, o Copom optou por uma provisão de estímulo mais moderada, com o benefício de acumular mais informação até sua próxima reunião”, diz o documento.

O debate entre os membros do Copom sobre o ritmo adequado de estímulo ocorreu no contexto da análise sobre o possível aumento da taxa estrutural de juros da economia.

“O Copom entende que, neste momento, a conjuntura econômica prescreve estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reforça que há potenciais limitações para o grau de ajuste adicional”, afirma o comunicado. “O Comitê avalia que a trajetória fiscal ao longo do próximo ano, assim como a percepção sobre sua sustentabilidade, serão decisivas para determinar o prolongamento do estímulo.”

No documento, o Copom diz ainda avaliar que perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável da economia. “O comitê ressalta, ainda, que questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia.”

Próximos cortes

Após cortar os juros, o Copom informou que “considera um último ajuste, não maior do que o atual, para complementar o grau de estímulo necessário como reação às consequências econômicas da pandemia da covid-19”.

Segundo o colegiado, o efetivo corte da taxa básica seria “condicional ao cenário fiscal e à conjuntura econômica”. O colegiado pondera, ainda, que “se elevou a variância do seu balanço de riscos” e ressalta “que novas informações sobre os efeitos da pandemia, assim como uma diminuição das incertezas no âmbito fiscal, serão essenciais para definir seus próximos passos”.

Inflação

O cenário básico de inflação do Copom permanece com fatores de riscos em ambas as direções, afirmou o colegiado.

“Por um lado, o nível de ociosidade pode produzir trajetória de inflação abaixo do esperado”, afirmou o BC em comunicado. “Esse risco se intensifica caso a pandemia provoque aumentos de incerteza e de poupança precaucional e, consequentemente, uma redução da demanda agregada com magnitude ou duração ainda maiores do que as estimadas.”

Em sentido oposto, segundo o BC, podem atuar “políticas fiscais de resposta à pandemia que piorem a trajetória fiscal do país de forma prolongada, ou frustrações em relação à continuidade das reformas”. Esses fatores “podem elevar os prêmios de risco e gerar uma trajetória para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária”.

 

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